terça-feira, 20 de novembro de 2012

UMBANDA, O QUE ÉS?



Milito na Umbanda há 38 anos, e durante esse tempo já recebi diversas definições sobre essa doutrina. Além de ouvir as mais absurdas preleções sobre a “Religião do Diabo”, qualificando nossas atividades como demoníacas, bruxarias e macumbas, ainda tive que presenciar a depreciação dos espíritos que nos auxiliam, chamados de seres sem luz, espíritos inferiores, ou, até mesmo, a manifestação do próprio “Ser do Mal”.

Também muitos me afirmaram que a Umbanda não é cristã, que se trata de um segmento pagão. Então pergunto a esses interlocutores:  o que é ser cristão?

Alguns respondem que Cristão é aquele que frequenta a Igreja toda semana, assiste seu culto e comunga com o Senhor. Então tento compreender, de acordo com tal definição, aonde me enquadro, pois costumo ir ao Templo de nossa fé ao menos cinco vezes por semana, inclusive sábados, domingos e feriados. Nestes dias cultuo ao Senhor dos Mundos, não apenas através de ritos e cantos de louvor, mas principalmente através do exercício da caridade, ao ceder meu corpo e minha mente aos irmãos espirituais que se dispõem a trazer o consolo àqueles que sofrem de infinitos males, o alívio aos seus corações repletos de culpas e sofrimentos, o ombro amigo para deitar o pranto que lhes tira o sentido da vida. Irmãos que nos são gratos por apenas tê-los escutado. E ainda não disse que lá também realizo as tarefas mais simples, como varrer, lavar banheiros, limpar móveis e até mesmo pintar paredes. Não posso me esquecer de mencionar que comungo com ELE através da prece e da água, do amor e da fraternidade, que são o maior lenitivo para nossas almas doentias.

Alguém um dia me perguntou de que trata a Bíblia da Umbanda. Estarrecida respondi que não a conhecia, pois entendo que só exista uma obra destinada a ditar as ordens morais que preceituam a fé no Cristo. Vários autores compilaram os ensinamentos do Messias, traduziram-nos em diversos idiomas, mas a mesma Bíblia dos Católicos ou dos Evangélicos contém os princípios de conduta ensinados pelos profetas, compartilhados por Jesus, transcritos por seus apóstolos e que até hoje, embora a humanidade ainda não os compreenda na íntegra, são os alicerces que nos conduzem de volta ao Reino de Deus Pai e balizam nosso modo de viver a Umbanda.

E aí chegamos a algo mais delicado ainda. O que fazemos com os animais sacrificados? Bebemos seu sangue, entregamos esse fluido vital aos nossos “Guias” (digam-se capetas)? Estupefata, tento esclarecer que sequer sei matar uma galinha para o almoço, e se eu vir seu pescocinho sendo cortado, de onde jorra seu sangue, nem ao menos conseguiria ingerir suas partes depois de cozidas. Como ainda necessito me alimentar de proteína animal nessa encarnação, já adquiro a carne cruelmente sacrificada nos matadouros e as utilizo exclusivamente para a sustentação de  meu corpo físico. 

Sacrificante é observar a depredação do planeta que nos serve de moradia, o desrespeito à família, a banalização dos crimes, principalmente os de pedofilia e de corrupção, o anseio desesperado dos irmãos que buscam em nosso Santuário as “imediatas soluções de seus problemas” os quais já se perduram por tempo demasiado sem que a pessoa reflita sobre a possibilidade de mudar seu padrão de comportamento para alcançar a prosperidade, a alegria, a paz, o equilíbrio e a saúde.

E de maneira ainda mais crucial, assistirmos aos irmãos planetários se digladiarem pela posse da verdade sobre o Cristo Jesus, dizendo-se possuidores do único caminho que conduzirá aos céus, se esquecendo do que disse o Nazareno: “Meu reino não é deste mundo” (João, 28:33,36 e 37) e se assim é por que reclamar um direito que é de todos, não de exclusividade deste ou daquele?

Então, tenho que concordar com W.W. da Matta e Silva (1) que definiu UMBANDA como “um movimento de luz , feito pelos espíritos cármicamente afins a essa massa e pelos que dentro de afinidades mais elevadas ainda, se pautam no AMOR, na AJUDA, na RENÚNCIA em prol da EVOLUÇÃO DE SEUS SEMELHANTES” , trazendo as forças e direitos de trabalho aos integrantes da Corrente Astral  de Umbanda, ou seja pretos velhos, caboclos  e crianças.

Agora ficou claro? Umbanda não precisa de palavras difíceis para defini-la, pois ela se manifesta na simplicidade e na humildade com que seus representantes, encarnados e desencarnados, atuam em nome do Cristo, nosso Pai Orixalá.

Paz, luz, amor e harmonia sempre!

Mãe Andrea

(1) Umbanda do Brasil, Livraria Freitas Bastos S/A

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PARA REFLETIR


JESUS ERA PERIPATÉTICO
(Max Geringher)

Numa das empresas em que trabalhei, eu fazia parte de um grupo de treinadores voluntários.
Éramos coordenados pelo chefe de treinamento, o professor Lima, e tínhamos até um lema:

"Para poder ensinar, antes é preciso aprender" (copiado, se bem me recordo, de uma literatura do Senai). Um dia, nos reunimos para discutir a melhor forma de ministrar um curso para cerca de 200 funcionários. Estava claro que o método convencional: botar todo mundo numa sala, não iria funcionar, já que o professor insistia na necessidade da interação, impraticável com um público daquele tamanho. 

Como sempre acontece nessas reuniões, a imaginação voou longe do objetivo, até que, lá pelas tantas, uma colega propôs usarmos um trecho do Sermão da Montanha como tema do evento. 

E o professor, que até ali estava meio quieto, respondeu de primeira. Aliás, pensou alto:

- Jesus era peripatético... 

Seguiu-se uma constrangida troca de olhares, mas, antes que o hiato pudesse ser quebrado por alguém com coragem para retrucar a afronta, dona Dirce, a secretária, interrompeu a reunião para dizer que o gerente de RH precisava falar urgentemente com o professor. E lá se foi ele, deixando a sala à vontade para conspirar. 

- Não sei vocês, mas eu achei esse comentário de extremo mau gosto, disse a Laura.

- Eu nem diria de mau gosto, Laura. Eu diria ofensivo mesmo, emendou o Jorge, para acrescentar que estava chocado, no que foi amparado por um silêncio geral. 

- Talvez o professor não queira misturar religião com treinamento, ponderou o Sales, que era o mais ponderado de todos. 

- Mas eu até vejo uma razão para isso... 

-Que é isso, Sales? Que razão? 

-Bom, para mim, é óbvio que ele é ateu. 

-Não diga! 

-Digo. Quer dizer, é um direito dele. Mas daí a desrespeitar a religiosidade alheia... 

Cheios de fúria, malhamos o professor durante uns dez minutos e, quando já estávamos sentenciando à fogueira eterna, ele retornou. Mas nem percebeu a hostilidade. Já entrou falando:

-Então, como ia dizendo, podíamos montar várias salas separadas e colocar umas 20 pessoas em cada uma. É verdade que cada treinador teria de repetir a mesma apresentação várias vezes, mas... Por que vocês estão me olhando desse jeito? 

-Bom, falando em nome do grupo, professor, essa coisa aí de peripatético, veja bem... 

-Certo! Foi daí que me veio a idéia. Jesus se locomovia para fazer pregações, como os filósofos gregos também faziam, ao orientar seus discípulos. 

Mas Jesus foi o Mestre dos Mestres, portanto a sugestão de usar o Sermão da Montanha foi muito feliz. Teríamos uma bela mensagem moral e o deslocamento físico... Mas que cara é essa? 

- Peripatético quer dizer "o que ensina caminhando". 

E nós ali, encolhidos de vergonha. Bastaria um de nós ter tido a humildade de confessar que desconhecia a palavra que o resto concordaria e tudo se resolveria com uma simples ida ao dicionário. Isto é, para poder ensinar, antes era preciso aprender. Finalmente, aprendemos. 

Duas coisas. 

A primeira é: o fato de todos estarem de acordo não transforma o falso em verdadeiro. 

E a segunda é: que a sabedoria tende a provocar discórdias. 

Mas a ignorância é quase sempre unânime.


Max Gehringer é administrador de empresas e escritor, autor de diversos livros sobre carreiras e gestão empresarial.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


REFLEXÕES RÁPIDAS PARA A SEMANA

Frase de Pai Guiné:
“Palácio de Preto-Velho de verdade é ranchinho de sapé!”

Frase de Matta e Silva:
“Diga-me o que pensa e eu lhe direi quem lhe acompanha.”

“A não ser que o Senhor edifique a Casa, trabalham em vão os que a constroem.”
Salmo 127

“A Iluminação dissolve todas as ligaduras materiais e une os homens com elos dourados da compreensão espiritual; só reconhece a liderança do Cristo. Não possui ritual, a não ser o Amor Divino, impessoal, universal. Não há adoração, a não ser a chama interna, que sempre arde no santuário do Espírito. Esta união é o estado livre da fraternidade espiritual. Sua única restrição é a disciplina da alma. Portanto, conheçamos a liberdade sem licenciosidade. Somos um universo unido, sem limites físicos, um serviço divino a Deus, sem cerimoniais, nem credos. Os iluminados caminham sem temor – pela Graça.”
Joel Goldsmith (O Caminho do Infinito)