sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

AVISO



Ultimamente, temos recebido diversas mensagens por e-mail de pessoas que solicitam recomendações de trabalhos, simpatias, rezas, dentre outros pedidos que extrapolam a nossa ética sacerdotal enquanto prosélitos da Umbanda Esotérica. Desta forma, reforçaremos aqui a mensagem já destacada em nosso quadro de avisos: não realizamos consultas por e-mail. Todos são bem-vindos em nosso templo, e nele poderão receber presencialmente o lenitivo para males de ordem física, mental ou espiritual.

Contamos com a colaboração de todos! 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

31ª EDIÇÃO DO NATAL DO MENOR CARENTE TUEDLUZ. PARTICIPE!


No próximo dia 16/12, a partir das 9 horas da manhã, a TUEDLUZ realizará a 31ª edição do Natal do Menor Carente, evento beneficente que assiste crianças necessitadas e suas famílias, através da doação de materiais (brinquedos, cestas básicas, material escolar) e a realização de atividades recreativas. Este evento foi idealizado por nossa saudosa Mãe Tina, e, graças a Deus, pudemos realizá-lo em todos os anos de existência de nosso templo. As famílias das crianças que participam da Festa são criteriosamente avaliadas pelo nosso departamento de assistência social, para que sejam identificados os casos de maior carência. Dentre as atrações circenses que percorrem a entrega dos presentes, também é realizada a “chegada do Papai Noel”, momento que agrega bastante emoção e alegria aos pequenos.

Quer participar? Para doação em espécie, os nossos dados bancários são:

Banco Itaú
Agência: 3103
Conta-Corrente: 00567-8
Titular: TENDA DE UMBANDA ESOTÉRICA DIVINA LUZ

Para doação de materiais, estaremos recebendo-os nos dias e horários de nossas reuniões públicas, ou através de agendamento para entrega em dia/horário distintos. Para isto, combine antecipadamente conosco, pelo telefone 3477-7822, ou durante as sextas-feiras, a partir das 18:30h.

Desde já, agradecemos a todos pela cooperação, e estendemos o convite para comparecimento a este ato filantrópico!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

UMBANDA, O QUE ÉS?



Milito na Umbanda há 38 anos, e durante esse tempo já recebi diversas definições sobre essa doutrina. Além de ouvir as mais absurdas preleções sobre a “Religião do Diabo”, qualificando nossas atividades como demoníacas, bruxarias e macumbas, ainda tive que presenciar a depreciação dos espíritos que nos auxiliam, chamados de seres sem luz, espíritos inferiores, ou, até mesmo, a manifestação do próprio “Ser do Mal”.

Também muitos me afirmaram que a Umbanda não é cristã, que se trata de um segmento pagão. Então pergunto a esses interlocutores:  o que é ser cristão?

Alguns respondem que Cristão é aquele que frequenta a Igreja toda semana, assiste seu culto e comunga com o Senhor. Então tento compreender, de acordo com tal definição, aonde me enquadro, pois costumo ir ao Templo de nossa fé ao menos cinco vezes por semana, inclusive sábados, domingos e feriados. Nestes dias cultuo ao Senhor dos Mundos, não apenas através de ritos e cantos de louvor, mas principalmente através do exercício da caridade, ao ceder meu corpo e minha mente aos irmãos espirituais que se dispõem a trazer o consolo àqueles que sofrem de infinitos males, o alívio aos seus corações repletos de culpas e sofrimentos, o ombro amigo para deitar o pranto que lhes tira o sentido da vida. Irmãos que nos são gratos por apenas tê-los escutado. E ainda não disse que lá também realizo as tarefas mais simples, como varrer, lavar banheiros, limpar móveis e até mesmo pintar paredes. Não posso me esquecer de mencionar que comungo com ELE através da prece e da água, do amor e da fraternidade, que são o maior lenitivo para nossas almas doentias.

Alguém um dia me perguntou de que trata a Bíblia da Umbanda. Estarrecida respondi que não a conhecia, pois entendo que só exista uma obra destinada a ditar as ordens morais que preceituam a fé no Cristo. Vários autores compilaram os ensinamentos do Messias, traduziram-nos em diversos idiomas, mas a mesma Bíblia dos Católicos ou dos Evangélicos contém os princípios de conduta ensinados pelos profetas, compartilhados por Jesus, transcritos por seus apóstolos e que até hoje, embora a humanidade ainda não os compreenda na íntegra, são os alicerces que nos conduzem de volta ao Reino de Deus Pai e balizam nosso modo de viver a Umbanda.

E aí chegamos a algo mais delicado ainda. O que fazemos com os animais sacrificados? Bebemos seu sangue, entregamos esse fluido vital aos nossos “Guias” (digam-se capetas)? Estupefata, tento esclarecer que sequer sei matar uma galinha para o almoço, e se eu vir seu pescocinho sendo cortado, de onde jorra seu sangue, nem ao menos conseguiria ingerir suas partes depois de cozidas. Como ainda necessito me alimentar de proteína animal nessa encarnação, já adquiro a carne cruelmente sacrificada nos matadouros e as utilizo exclusivamente para a sustentação de  meu corpo físico. 

Sacrificante é observar a depredação do planeta que nos serve de moradia, o desrespeito à família, a banalização dos crimes, principalmente os de pedofilia e de corrupção, o anseio desesperado dos irmãos que buscam em nosso Santuário as “imediatas soluções de seus problemas” os quais já se perduram por tempo demasiado sem que a pessoa reflita sobre a possibilidade de mudar seu padrão de comportamento para alcançar a prosperidade, a alegria, a paz, o equilíbrio e a saúde.

E de maneira ainda mais crucial, assistirmos aos irmãos planetários se digladiarem pela posse da verdade sobre o Cristo Jesus, dizendo-se possuidores do único caminho que conduzirá aos céus, se esquecendo do que disse o Nazareno: “Meu reino não é deste mundo” (João, 28:33,36 e 37) e se assim é por que reclamar um direito que é de todos, não de exclusividade deste ou daquele?

Então, tenho que concordar com W.W. da Matta e Silva (1) que definiu UMBANDA como “um movimento de luz , feito pelos espíritos cármicamente afins a essa massa e pelos que dentro de afinidades mais elevadas ainda, se pautam no AMOR, na AJUDA, na RENÚNCIA em prol da EVOLUÇÃO DE SEUS SEMELHANTES” , trazendo as forças e direitos de trabalho aos integrantes da Corrente Astral  de Umbanda, ou seja pretos velhos, caboclos  e crianças.

Agora ficou claro? Umbanda não precisa de palavras difíceis para defini-la, pois ela se manifesta na simplicidade e na humildade com que seus representantes, encarnados e desencarnados, atuam em nome do Cristo, nosso Pai Orixalá.

Paz, luz, amor e harmonia sempre!

Mãe Andrea

(1) Umbanda do Brasil, Livraria Freitas Bastos S/A

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PARA REFLETIR


JESUS ERA PERIPATÉTICO
(Max Geringher)

Numa das empresas em que trabalhei, eu fazia parte de um grupo de treinadores voluntários.
Éramos coordenados pelo chefe de treinamento, o professor Lima, e tínhamos até um lema:

"Para poder ensinar, antes é preciso aprender" (copiado, se bem me recordo, de uma literatura do Senai). Um dia, nos reunimos para discutir a melhor forma de ministrar um curso para cerca de 200 funcionários. Estava claro que o método convencional: botar todo mundo numa sala, não iria funcionar, já que o professor insistia na necessidade da interação, impraticável com um público daquele tamanho. 

Como sempre acontece nessas reuniões, a imaginação voou longe do objetivo, até que, lá pelas tantas, uma colega propôs usarmos um trecho do Sermão da Montanha como tema do evento. 

E o professor, que até ali estava meio quieto, respondeu de primeira. Aliás, pensou alto:

- Jesus era peripatético... 

Seguiu-se uma constrangida troca de olhares, mas, antes que o hiato pudesse ser quebrado por alguém com coragem para retrucar a afronta, dona Dirce, a secretária, interrompeu a reunião para dizer que o gerente de RH precisava falar urgentemente com o professor. E lá se foi ele, deixando a sala à vontade para conspirar. 

- Não sei vocês, mas eu achei esse comentário de extremo mau gosto, disse a Laura.

- Eu nem diria de mau gosto, Laura. Eu diria ofensivo mesmo, emendou o Jorge, para acrescentar que estava chocado, no que foi amparado por um silêncio geral. 

- Talvez o professor não queira misturar religião com treinamento, ponderou o Sales, que era o mais ponderado de todos. 

- Mas eu até vejo uma razão para isso... 

-Que é isso, Sales? Que razão? 

-Bom, para mim, é óbvio que ele é ateu. 

-Não diga! 

-Digo. Quer dizer, é um direito dele. Mas daí a desrespeitar a religiosidade alheia... 

Cheios de fúria, malhamos o professor durante uns dez minutos e, quando já estávamos sentenciando à fogueira eterna, ele retornou. Mas nem percebeu a hostilidade. Já entrou falando:

-Então, como ia dizendo, podíamos montar várias salas separadas e colocar umas 20 pessoas em cada uma. É verdade que cada treinador teria de repetir a mesma apresentação várias vezes, mas... Por que vocês estão me olhando desse jeito? 

-Bom, falando em nome do grupo, professor, essa coisa aí de peripatético, veja bem... 

-Certo! Foi daí que me veio a idéia. Jesus se locomovia para fazer pregações, como os filósofos gregos também faziam, ao orientar seus discípulos. 

Mas Jesus foi o Mestre dos Mestres, portanto a sugestão de usar o Sermão da Montanha foi muito feliz. Teríamos uma bela mensagem moral e o deslocamento físico... Mas que cara é essa? 

- Peripatético quer dizer "o que ensina caminhando". 

E nós ali, encolhidos de vergonha. Bastaria um de nós ter tido a humildade de confessar que desconhecia a palavra que o resto concordaria e tudo se resolveria com uma simples ida ao dicionário. Isto é, para poder ensinar, antes era preciso aprender. Finalmente, aprendemos. 

Duas coisas. 

A primeira é: o fato de todos estarem de acordo não transforma o falso em verdadeiro. 

E a segunda é: que a sabedoria tende a provocar discórdias. 

Mas a ignorância é quase sempre unânime.


Max Gehringer é administrador de empresas e escritor, autor de diversos livros sobre carreiras e gestão empresarial.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


REFLEXÕES RÁPIDAS PARA A SEMANA

Frase de Pai Guiné:
“Palácio de Preto-Velho de verdade é ranchinho de sapé!”

Frase de Matta e Silva:
“Diga-me o que pensa e eu lhe direi quem lhe acompanha.”

“A não ser que o Senhor edifique a Casa, trabalham em vão os que a constroem.”
Salmo 127

“A Iluminação dissolve todas as ligaduras materiais e une os homens com elos dourados da compreensão espiritual; só reconhece a liderança do Cristo. Não possui ritual, a não ser o Amor Divino, impessoal, universal. Não há adoração, a não ser a chama interna, que sempre arde no santuário do Espírito. Esta união é o estado livre da fraternidade espiritual. Sua única restrição é a disciplina da alma. Portanto, conheçamos a liberdade sem licenciosidade. Somos um universo unido, sem limites físicos, um serviço divino a Deus, sem cerimoniais, nem credos. Os iluminados caminham sem temor – pela Graça.”
Joel Goldsmith (O Caminho do Infinito)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012



UMBANDA NÃO É ESPIRITISMO PARTICULARIZADO COMO DE KARDEC, TAMPOUCO O CHAMADO AFRICANISMO...

É comum a controvérsia de uns e de outros, quanto a Umbanda ser um "aspecto" ou modalidade do chamado Espiritismo dito de Kardec. Estes estudiosos parecem que não estudaram a "coisa" como ela é e se apresenta. Batem-se no ponto de que no Umbandismo existe a manifestação dos espíritos e no Espiritismo, também. É este o cavalo de batalha deles. Vamos elucidar essa questão, pois já gastaram muita tinta e papel nisso...

Ora, todos sabem que quem particularizou o termo espiritismo foi Allan Kardec, para traduzir por ele certos ensinamentos dos espíritos. A palavra espírito se perde na antiguidade, dentro dos livros religiosos de vários povos, inclusive nos Vedas, dos Brahmas, no Livro dos Mortos dos Egípcios, nas obras de Fo-HY, um dos mais antigos sábios da China, na Bíblia de Moysés, na Kabala dos Judeus, nos evangelhos ditos do Cristo, e, para não citarmos mais, na antiqüíssima Bíblia Maya-Quiché – o Popol-Vuh, etc.

Mas, que se deve entender realmente por Espiritismo? Segundo Kardec, é a doutrina dos espíritos. Como vêem, pelo exposto, revelar a doutrina ou as coisas do espírito não foi privilégio nem de uns ou de outros. “Diremos, pois, que a doutrina espírita ou Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os espíritos ou seres do mundo invisível, etc.” (O Livro dos Espíritos, introdução, página 11) E estes espíritos? Foram engendrados exclusivamente por Kardec, para criarem uma doutrina sua – própria?

Ora, estas relações, esta doutrina, que também traduzem as Eternas verdades, são tão velhas quanto a própria humanidade, porquanto podem ser identificadas nestes ditos antigos e sagrados livros das mais velhas religiões do mundo. É só compararmos os 34 itens com que ele (Kardec) fundamentou os ‘pontos principais’ da doutrina que os espíritos transmitiram, na introdução de “O Livro dos Espíritos”.

Então, devemos reconhecer que a essência desta doutrina, espíritos e suas relações com o mundo da forma, comunicações, revelações, fenômenos inerentes à mediunidade são FATOS que remontam aos primórdios das civilizações, não são, portanto, REALIDADES somente conhecidas de 1857 aos nossos dias. E a Umbanda tem como vértice de sua razão de ser, desde as eras primitivas, ou melhor, particularmente desde a 2ª Raça-Raiz, ou Lemurianos, numa Era de Escorpião – o signo da Magia, a exteriorização periódica ou por ciclos destes fatos, ressurgiu na atualidade, como no passado, entre os Atlantes, os Mayas e os Quiches, os Tupy-Guaranis e os Tupy-Nambás da época pré-cabraliana, bem como há milênios, quando do antigo apogeu da raça africana, que conservou dentro da tradição oral, até nossos dias, farrapos desta Lei ou desta Doutrina – revelação do próprio Verbo – primitiva síntese religio-científica, cujas derivações podem ser identificadas nos diferentes sistemas religiosos (pelo aspecto esotérico) de todas as raças.

Agora vamos definir positivamente uma regra: que Kardec codificou, isto é, propagou, apenas, PARTE dessas antigas verdades - reveladas pelos espíritos de acordo com a época - expressões de uma Lei, imutável, que vêm sendo confirmadas e ampliadas dentro das nossas Linhas de Umbanda, por grandes instrutores, espíritos altamente evoluídos, que consideramos como Orixás intermediários e Guias, que têm como missão precípua reconstituir as partes restantes, ou seja, o todo....
O que ressalta então, claramente do exposto? Que há uma certa identidade entre o Espiritismo e a Umbanda. Esta identidade se verifica, quanto à Doutrina, à manifestação e comunicação dos espíritos, pelo fator mediúnico, bem como pela parte científica, filosófica e moral, etc...Mas, sobrepõe-se logo, numa comparação, o seguinte: a Lei de Umbanda NÃO É o Espiritismo, APENAS. Este, com todo seu conteúdo, é que faz parte da Umbanda, isto é, se integra ou se ABSORVE NELA.

Na Umbanda, ALÉM da parte filosófica, científica, doutrinária e dos fenômenos da mediunidade, pela manifestação, desta ou daquela forma, dos espíritos, formando estas coisas, os atributos principais e tacitamente reconhecidos como particularizando a Escola Kardecista, tema Umbanda ainda, bem definido, o aspecto propriamente dito de uma Religião, pela Liturgia, Ritual, Simbologia, Mitologia, Mística, bem como pela Magia, Astrologia esotérica e outras correlações de Forças NÃO PRATICADAS no denominado espiritismo, e, portanto, nele INEXISTENTES ...

W.W. da Matta e Silva
Umbanda – Sua Eterna Doutrina, Edição 1998, página 43.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

PARA REFLETIR



EXIJA MENOS DO OUTROS E CURE A SI PRÓPRIO
 

Não seja um modelador de pessoas, modele a si próprio!
 
Infelizmente a falta de paciência, a intolerância, a presunção, a arrogância e o controle são características negativas presentes na maioria das pessoas que vivem nesse planeta. Talvez pudéssemos excluir não mais que umas cem pessoas em todo o globo que talvez estão isentas dessas atitudes negativas. Portanto, essa é uma realidade presente na história das pessoas que vivem uma vida conhecida como normal, e mesmo que queiramos negar, basicamente somos intolerantes!
 
Onde isso repercute mais em nossas vidas?
 
Com certeza em diversas áreas de nossa existência, mas sem dúvida alguma, principalmente nos relacionamentos.
 
Tudo que criticamos em uma outra pessoa envolve a falta de tolerância, falta de amor ou compaixão. Queremos, em cem por cento dos casos, que a outra ou as outras pessoas se comportem como nós achamos que ela ou elas devem se comportar.  E o pior, costumamos gostar mais de uma pessoa, no sentido da afinidade mesmo, quando essa se comporta de forma mais parecida com aquilo que nós consideramos certo.
 
Não dá para negar que afinidades surgem naturalmente nas nossas vidas, e também não quero dizer que essas sintonias saudáveis entre pessoas não sejam importantes. Claro que são! Apenas quero lembrar que não costumamos nos relacionar com maior proximidade ou intimidade, com pessoas que não se comportam como achamos que elas devem se comportar. E de novo, não me refiro a conduta moral, ética e valores, porque é claro que esses aspectos precisam ser sempre ponderados nos relacionamentos que temos em todos os níveis. Não vou escolher um estelionatário para sócio, sabendo que o passado dele é envolvido por atitudes criminosas ou no mínimo suspeitas. Também teremos dificuldade de confiar em alguém que já agiu de modo errado em outra circunstância. Então devemos sim escolher relacionamentos que estejam na mesma sintonia de valores e código moral, mas as emoções... Essas nos enganam.
 
É comum você não gostar de uma pessoa simplesmente porque ela tem um tom de voz excessivamente grave, ou agudo, ou baixo, ou alto.  Como você tem registros internos de não tolerar oscilações de voz em qualquer pessoa, então quando conhece e se relaciona com alguém assim, nitidamente irá se irritar também.
 
Esse é apenas um exemplo.
 
Você pode ter uma crença interna que pessoas com sotaque do sul são antipáticas. Uma vez que você conhece alguém assim, imediatamente já se fecha porque não gosta daquele tipo de sotaque.
 
Tudo que buscamos externamente traduz o que sentimos internamente. Estamos o tempo todo buscando conforto, buscando “acomodar” as nossas emoções da melhor maneira dentro de nós mesmos. Procuramos o conforto em todos os sentidos, é natural, pois queremos nos sentir bem. É aí que um grande erro começa, pois sem querer, ou sem perceber, e pior ainda, sem ter o mínimo direito, começamos a modelar pessoas!
 
Modelamos as pessoas controlando os relacionamentos em todos os níveis, fazendo de tudo para que elas se comportem da forma como mais nos conforta! 
Quanta arrogância! 
Não se assuste, apenas reflita, pois eu faço, você faz e todos nós fazemos!  Aceite essa verdade atual, o amor incondicional ainda não está impregnado em nossas veias! O nosso amor é totalmente condicional.

 
Duvida de mim? Acha que eu estou exagerando? Acha mesmo? 
Então vamos refletir um pouco...
 
Por que gostamos de determinada pessoa, seja em qualquer nível de relacionamento? 
Porque necessariamente essa pessoa é alguém que também que nos retribui afetos, que faz coisas que nos agradam, que faz com que sintamos emoções positivas, certo?
 
E se essa pessoa parar de se comportar assim?  E se as atitudes dela não necessariamente agradarem mais?  Nós continuaremos amando essa pessoa? 
Provavelmente manteremos um resquício de amor, mas muita coisa vai mudar nessa relação.  Salvo os casos de mães e filhos, em que podemos encontrar uma grande intensidade do verdadeiro amor incondicional, nas outras relações, dificilmente o magnetismo que une essa união irá continuar existindo. Isso porque não gostamos exatamente de outra pessoa, mas do que ela faz por nós, ou melhor, da emoção que ela desperta, como por exemplo: carinho, alegria, conforto, acolhimento, aceitação, etc.

 
E se a pessoa por meio de outras atitudes não mais estimular essas emoções em nós? Nós continuaremos a gostar dela da mesma forma? 
Provavelmente não, exceto no caso de mães, como já comentado!


Quando as pessoas próximas a nós começam a ter novas ideias, novos caminhos, novos conceitos – porque todo mundo muda – e essa mudança não necessariamente agradar, nesse momento o nosso relacionamento com elas começa a se complicar. Complicar porque começamos a querer que a pessoa aja de outra forma, que certamente não será a que ela acha correta, mas a que nós entendermos ser!
 
Nesse caminho, vamos ficando críticos, controladores, intolerantes, ardilosos, impiedosos, em resumo, nos tornamos modeladores de pessoas!
 
Esse não é um bom caminho! Definitivamente não é! 
E qual a solução para isso? Como contornar tais situações tão comuns?
 
Aprendendo a aceitar as pessoas como elas são. Mantendo a liberdade nas relações, cultivando o respeito pelas vontades alheias e entendendo principalmente que ninguém, ninguém mesmo é responsável pela sua felicidade. Da mesma forma, jamais aceite o peso da responsabilidade de fazer alguém feliz.
 
Quando o comportamento de alguém lhe fizer mal, não tente mudar a pessoa, esse é o pior caminho, mais sofrido, mais tortuoso, mais custoso, mais escuro.  Nessas situações de divergências olhe para dentro de você e perceba quais são as emoções que surgem com a situação. É o ciúmes, o medo de perder, a necessidade de aprovação, a ansiedade, o pessimismo, seja qual for a emoção negativa, preste atenção nela e não dê tanto foco naquelas atitudes alheias que você julga equivocada.
 
Dando atenção ao seu Eu interior você perceberá que sempre busca relações que lhe tragam conforto emocional de acordo com suas crenças, e que sempre que esse seu (e unicamente seu) código emocional interno for quebrado por atitudes alheias julgadas por você como destoantes, então as mágoas, os conflitos e as confusões começarão.  Uma vez que você parar de procurar relações com o objetivo de confortar as suas emoções internas, mas principalmente com a ideia de conviver bem com o mundo, encontrando plenitude e bem viver, você perceberá uma mudança drástica na qualidade de seus relacionamentos.
 
Não seja um modelador de pessoas, seja um modelador de emoções negativas em positivas, porque esse é o segredo para estabelecer relações pautadas no amor e consequentemente na verdade, ou melhor dizendo: a verdade que liberta!
 
por Bruno J. Gimenes

domingo, 30 de setembro de 2012

PARA REFLETIR...



TUDO QUE VICIA COMEÇA COM "C"
Luiz Fernando Veríssimo

 Por alguma razão que ainda desconheço, minha mente foi tomada por uma ideia um tanto sinistra: vícios.
...
Refleti sobre todos os vícios que corrompem a humanidade. Pensei,pensei e,de repente, um insight: tudo que vicia começa com a letra C!

De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou diversões, percebi que todo vício curiosamente iniciava com cê.

Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita droga pesada. Cigarro vicia e começa com a letra c. Depois, lembrei das drogas pesadas: cocaína, crack e maconha. Vale lembrar que maconha é apenas o apelido da cannabis sativa que também começa com cê.

Entre as bebidas super populares há a cachaça, a cerveja e o café. Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café,mas não deixam de tomar seu chimarrão que também - adivinha ? - começa com a letra c.

Refletindo sobre este padrão, cheguei à resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que a Coca-Cola vicia e a Pepsi não? Tendo fórmulas e sabores praticamente idênticos, deveria haver alguma explicação para este fenômeno. Naquele dia, meu insight finalmente revelara a resposta. É que a Coca tem dois cês no nome enquanto a Pepsi não tem nenhum.

Impressionante, hein?

E o computador e o chocolate? Estes dispensam comentários. Os vícios alimentares conhecemos aos montes, principalmente daqueles alimentos carregados com sal e açúcar. Sal é cloreto de sódio. E o açúcar que vicia é aquele extraído da cana.

Algumas músicas também causam dependência. Recentemente, testemunhei a popularização de uma droga musical chamada "créeeeeeu". Ficou todo o mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade? cinco.

Nesta altura, você pode estar pensando: sexo vicia e não começa com a letra C. Pois você está redondamente enganado. Sexo não tem esta qualidade porque denota simplesmente a conformação orgânica que permite distinguir o homem da mulher. O que vicia é o ato sexual e este é denominado coito.

Pois é. Coincidências ou não, tudo que vicia começa com cê. Mas atenção: nem tudo que começa com cê vicia. Se fosse assim, estaríamos salvos pois a humanidade seria viciada em Cultura.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012


A UMBANDA E SUAS CLASSES DE ENTENDIMENTO

Pai da Matta (ao centro) em palestra na T.U.O. - década de 70



No texto abaixo, veremos a transcrição do trecho de uma  interessante conversa havida entre um pesquisador e um 'preto-velho' - mediunicamente manifestado em W.W. da Matta e Silva:

Cícero: - Oh! Sábio “preto-velho”, como se qualificam, no panorama de tantos e tantos “terreiros”, as modalidades de “umbandas” existentes? Essa lei, essa corrente, esse movimento não obedece a diretrizes ou regras de cima para baixo?

Preto-velho: - Sim... Boa pergunta você me fez, oh! Filho esperto... Neste panorama umbandista, você pode identificar, com a maior facilidade, três classes de umbandas praticadas...

A PRIMEIRA CLASSE é a que engloba o maior número de agrupamentos ou terreiros. Está puramente construída pelos seres humanos. É essa mescla rudimentar, confusa de cada um fazer o seu “terreiro”, seu ritual, segundo o seu entendimento ou a sua “sabedoria” sobre Umbanda, sabedoria essa baseada exclusivamente, no que viu e ouviu em outros “terreiros” similares, onde predomina o sincretismo afro-católico.

Esses ambientes nos dão muito trabalho de fiscalização astral – de cima – pois estão fortemente influenciados pelo baixo mundo astral. Nesses agrupamentos, a doutrina é quase inexistente. De Evangelho, quando alguém lhes fala, bocejam de tédio e indiferença. Não há quem faça a adaptação desses evangelhos a seus entendimentos, levando em conta seus estados de consciência – de ignorância dessas coisas; mas o incremento da luz prossegue, por baixo e por cima, firme e serenamente, enquanto eles se ocupam mais em tocar seus tambores e bater suas palmas.

A SEGUNDA CLASSE vem com menos volume de agrupamentos e se prende àqueles que são mais elevados, mais simples; desejam praticar Umbanda, pautada nos ensinamentos evangélicos, no que eles revelam de mais necessário. Para isso, apelam para a corrente dos “caboclos” e “pretos-velhos” a fim de ajudá-los nesse mister. Fazem um ritual suave, sem palavras, sem tambores. Aproveitam a força e a beleza de certos pontos cantados ou hinos, que sabem serem de raiz.

Esse é um dos aspectos que aprovamos, dada a sinceridade de propósitos, desde que não saiam da faixa religiosa, doutrinária e mesmo de certa cautela com o lado fenomênico.

Assim, procuramos com paciência e até mesmo tentamos localizar algum possível aparelho ou veículo mediúnico e, por ele, fazer positivas incorporações para estabelecermos os Princípios ou Regras da Umbanda na teoria e na prática.

A TERCEIRA CLASSE, com uma quantidade mínima de agrupamento, é a que se identifica com Ordens e Direitos de Trabalho. Isso acontece quando temos ordem para agir sobre um legítimo aparelho ou médium. Aí, imediatamente estabelecemos esses citados Princípios ou Regras da Umbanda, a par com a caridade que vamos praticando. Esse é o único aspecto ou classe capacitada a movimentar a terapêutica dita como natural e astral, dentro da magia positiva, sempre para o Bem comum e que se firma nos verdadeiros sinais riscados e já classificados como Lei de Pemba e sobre os quais voltarei a falar.

Agora, devo frisar o seguinte: o nosso contato – dos Guias e Protetores – com esses médiuns e aparelhos-positivos não se dá exclusivamente por via

incorporativa. Fazemos e assistimos também, pelos que têm vidência, intuição, audição e gostamos muito de o fazer pelos de mediunidade sensitiva, os únicos que não podem ser enganados ou mistificados.

Cícero: -Desculpe, Pai-preto, queira repisar mais esta lição porque, em todos os aspectos ou classes, tenho visto coisas relacionadas com a magia. Em todas assisti riscarem pembas dessa ou daquela forma.

Preto-velho: -Bem, “zi-cerô”, isso quer dizer que você anotou com segurança as três discriminações que fiz. Pois é claro que essa primeira classe é a que mais trabalho nos dá, devido ao seu volume, quantitativo e qualitativo. Nela, os filhos, levados pela justa tendência de suas finalidades, entram na corrente de Umbanda ou resolvem fazer “umbanda”.

Até aí, tudo certo, mas logo decidem praticar “magia de encenação”, através do que têm visto fazer sob a forma de grosseiras oferendas e sacrifícios que envolvem e atraem forças do astral inferior, que passam então a dominá-los, visto eles não terem o conhecimento certo dessascoisas, mormente quando riscam pembas (por impulsos), desconhecendo completamente a expressão mágica dos verdadeiros sinais riscados, causando assim, plena confusão de sinais ou signos, idêntica confusão na corrente mental e astral que por força de tudo isso está formada ou se forma, devido às atrações ou afinidades que vão imperar.

Na segunda classe, mesmo dentro da sinceridade, dos bons propósitos, contando até com filhos estudiosos, muitos egressos de outras correntes e religiões, são inúmeros os filhos que de repente se empolgam e fogem do âmbito religioso, doutrinário, começando também a praticar certos atos que pretendem ser de magia, por conta própria, embora em plano mais suave que os primeiros. Ora, se eles não estão ordenados ou mesmo capacitados para tal fim, se eles não têm o conhecimento que o assunto requer e ainda sem o beneplácito ou a garantia dos Guias e Protetores, para isso, o que pode acontecer? São logo envolvidos pelas forças relacionadas e invocadas que, não encontrando elementos de garantia, neles, tomam o campo, incentivam-lhes a vaidade latente, dessa ou daquela forma, atacam um ponto fraco qualquer...e... lá vem mais atividade para nós, mais fiscalização etc.

Em pouco tempo esses bons filhos criam o seu “cascãozinho”, que enrijece tanto, a ponto de vedar seu consciente à luz da humildade imprescindível ao bom umbandista.

Oh! Eterna vaidade, filha da ignorância!!! Até quando persistirás no inconsciente das criaturas, retardando sua evolução?

Cícero: - E a terceira classe, preto-velho, também dá trabalho?

Preto-velho: - Claro, “zi-cerô”. Infelizmente, muitos, dentro das prerrogativas do livre-arbítrio, também se extraviam.

E como já falei das condições negativas que existem ou que atuam, quer na primeira classe, quer na segunda, devo, embora com tristeza, citar que, nessa terceira classe, acontecem também graves fracassos, com esses aparelhos que recebem Ordens e Direitos de Trabalho...

Esses aparelhos (ou médiuns), meu filho, quando se extraviam ou, melhor, quando baqueiam, quase sempre acontece por causas morais. Não vou esmiuçar essas causas... Apenas afirmo que esses são os que mais sofrem – depois da borrasca. Sofrem dolorosamente, porque os seus dramas morais mediúnicos são relembrados por eles a todo instante, ativados pelo remorso e, especialmente, quando reconhecem, conscientemente, que perderam os contatos positivos de seus antigos Guias e Protetores.

Eles – que foram médiuns de fato – lutam desesperadamente para reaver os fluidos perdidos, isto é, a proteção de seu caboclo ou preto-velho, etc... No entanto, nada...

Então, dá-se um fenômeno curioso, que confunde a eles mesmos ou, melhor, os martirizam mais ainda, porque os deixam sempre nas eternas dúvidas. É o seguinte: -das antigas incorporações positivas, precisas, ficou, não resta dúvida mesmo, uma série de reflexos psíquicos condicionados ou de neuro-sensibilidade.

Esses reflexos neuropsíquicos ficaram impressos em seus centros nervosos ou sensitivos, no grupo de células que mais receberam a influência ou a ligação desses citados e antigos contatos mediúnicos e de seus protetores. Daí, sempre que, por um processo de associação mental ou psíquica, quando pela concentração ou mentalização, esse grupo de células revive ou externa seus reflexos ou as impressões sensoriais que guardou dos ditos antigos contados vibratórios que, realmente, recebiam de uma Entidade. Assim é que os pobres “médiuns” pensam, por via disso, que ainda têm os fluidos do “caboclo ou do preto-velho”...

Porém, eles sentem que a coisa se reflete – mas não é tal e qual era. Até pensam que estão apenas com a “mediunidade enfraquecida”... E haja preceitos e haja velas para o Anjo de Guarda... Coitados... Terríveis dilemas os assaltam. Dúvidas cruciais os atormentam... Será mesmo ou não?

Assim, quase sempre, dentro de duríssimas vaidades ou de um amor-próprio sem razão, vão imitando, pela prática ou por via desses citados reflexos psíquicos condicionados, o modo de apresentação das entidades que os assistiam no passado. Não confessam a ninguém os seus dramas mediúnicos...e acreditam que os outros não percebam o fracasso... Como se enganam!... Os outros já perceberam sim. Chegam até a ironizar deles, comentando: “Fulano é duro não quer dar o braço a torcer”...

E, geralmente, devido às condições em que caíram, entram em distúrbio, isto é, suas antenas mediúnicas que já saíram daquela tônica da antiga positividade, passam a dar contatos com espíritos atrasados e aproveitadores que, por essas antenas irregulares, entram em sintonia. Que fazem esses espíritos atrasados? Passam a influenciá-los, em nome dos protetores tais e tais. Aí é que a coisa toma um aspecto lamentável.

São envolvidos, a vaidade incentivada, etc. Então, passam a ter cismas diversas, desconfianças de toda a ordem, “intuições” atravessadas, fazem consultas erradas, predições falsas, etc. Que fazer? A maioria continua nesse roteiro de incerteza, erros e angústias. Porém, um ou outro consegue reabilitação.

Cai na meditação, na oração, num sincero arrependimento, etc. Recompõem-se na parte moral mediúnica. Entra na faixa da humildade, da tolerância e da compreensão e, certo dia, vê surgir nova aurora espiritual. Surpreso, presa de doce emoção, chorando até, constata a presença viva, atuante, dos verdadeiros contatos mediúnicos dos antigos protetores. Ele foi perdoado e receber a volta deles... Santo Deus! Somente os que passaram por isso sabem dar o valor a essa reintegração mediúnica.

Todavia, “zi-cerô”, não confunda esse caso de médiuns fracassados, com os daqueles que tombam, exaustos pelo entrechoque das lutas astrais e humanas, em defesa de um ideal – numa missão de esclarecimento e de verdade. Esses são amparados, jamais abandonados e curados de suas cicatrizes, para se reerguerem mais fortes do que dantes. Recebem o prêmio pelo esforço despendido, enfim, por todos os sofrimentos que passaram pelas traições e infâmias que perdoaram, quando lhes é dada a verdadeira Iniciação pelo astral e lhes confere o sinal, pelo selo dos Magos que surge na palma de suas mãos, a demonstrar-lhes que, de fato, “somente a verdade ficará de pé”... É filho meu, para que dizer mais?

MATTA E SILVA. W.W. Lições de Umbanda (e Quimbanda) na palavra de um “Preto Velho”. 6ª edição.  Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1995.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012



SÁBIOS XAVANTES

"É necessário cuidar da ética para não anestesiarmos a nossa consciência e começarmos a achar que tudo é normal."

Das histórias que pude partilhar na vida e que, vez ou outra, relato nos diálogos, há uma exemplar que, inclusive pude já em 1997 incluir em livro meu antes mencionado (A escola e o conhecimento), embora mais resumidamente.

Em 1974, dois caciques da nação Xavante vieram visitar a cidade de São Paulo. Na época, os xavantes não usavam o dinheiro como meio de qualidade de vida. Para eles, qualidade de vida era alimento, porque era o jeito de garantir sobrevivência.
O avião deles, que vinha de Cuiabá, pousou em Congonhas e eles foram levados ao abrigo da FUNAI, que ficava na Vila Mariana. No dia seguinte, foram convidados a passear. Ficaram boquiabertos com a Avenida Paulista, 2,5 km de catedrais financeiras. Foram levados a andar de metrô, que acabava de ser inaugurado. Ficaram pasmos com a velocidade daquele transporte. Foram levados ao shopping. Havia apenas dois naquela época, hoje são cerca de sessenta. Sabe o que eles não conseguiram entender no shopping e a gente não conseguiu explicar? Por que a gente entrava num lugar cheio de espelho. Eles achavam inacreditável que, num mundo cheio de gente, a gente gostasse de se ver, em vez de ver o outro. Se você estava com você o tempo todo, por que ia querer se ver? Esse excesso de espelho é um símbolo ético também, de certa forma de egonarcisismo, que veio sobre nós.

Nós os levamos também a um lugar magnífico, o Mercado Municipal, na área central. Aquilo é uma espécie de entreposto comercial, imenso, projetado por Ramos de Azevedo, grande arquiteto que fez o Teatro Municipal e a Faculdade de Saúde Pública. E no Mercado Municipal é comida para todo lado. Eles deram dois passos e ficaram pasmos. Pilhas de alface, de tomates, de cenoura, de laranja. Ficaram com o olhar talvez como o nosso olhar ficaria se entrássemos no cofre de um banco. Em certo momento, um deles viu uma coisa que nenhum e nenhuma de nós veria. Ele cutucou e perguntou: "O que ele está fazendo?" E apontou no chão um menino negro, pobre (a gente sabia que era pobre por causa da roupa, ele não saberia) pegando alface pisada, tomate estragado, batata já moída e colocando num saquinho. Nenhum e nenhuma de nós veria aquilo, pois para nós era normal. Normal? Cuidado com o conceito de normal.
Nós falamos: "Ué, ele está pegando comida". O cacique não disse mais nada. Ele continuou andando conosco, mas não prestou atenção em mais nada. Depois de uns 15 minutos, ele falou:

- Eu não entendi. Por que ele está pegando essa comida estragada aqui no chão, se tem essa pilha de comida boa?

- É que para pegar comida dessa pilha aqui precisa de dinheiro.

- E ele não tem dinheiro?

- Não tem.

- Por que não tem dinheiro? - indagava o cacique.

No que ele está cutucando? Na nossa base ética, no nosso valor de vida. A gente acha que criança com fome, mesmo diante de uma pilha de comida boa, pode comer comida estragada. Porque a vida é assim. É normal.

- Ele não tem dinheiro porque ele é criança.

- E o pai dele tem?

- Não, o pai dele não tem.

- Não entendi. Por que você, que é grande, tem e o pai dele, que é grande, não tem? De qual pilha você come, dessa daqui ou a do chão?

- Dessa daqui.

- Por quê?

A única resposta possível para o cacique naquele momento foi a resposta que algumas pessoas que já desistiram dão: "Sabe o que é? É que aqui é assim"...

Os dois índios, diante da resposta, falaram uma coisa de que eu nunca mais esqueci. "Vamos embora." Não é que eles pediram para ir embora do mercado, eles pediram para ir embora de São Paulo. Veja como eles são "selvagens".

Eles não conseguiram compreender essa coisa tão óbvia: que uma criança faminta, diante de uma pilha de comida boa, pega comida podre. Eles não são "civilizados". Sabe como ele passaria batido e nem repararia na cena? Se ele tivesse ido a algumas de nossas escolas, se ele tivesse assistido alguns de nossos meios de comunicação. Aí ele ia achar aquela cena normal.

Neste instante, é bom lembrar que é necessário cuidar da ética porque senão anestesiamos a nossa consciência e começamos a achar tudo normal. 
Vou contar uma coisa que você que é jovem pode não acreditar. Quando eu me mudei para São Paulo, há 37 anos, a gente saía da escola, do trabalho, do bar, andava às 11h da noite sozinho para casa, ouvia passos de outra pessoa e sentia alegria. "Graças a Deus, vem vindo outra pessoa." Sabe do que a gente tinha medo? De defunto. A gente passava longe do muro do cemitério, da parte de trás da igreja. Hoje, você sai às 11h da noite de casa, da escola, do trabalho. da igreja, ouve passos de outra pessoa e teme: "Meu Deus do céu, vem vindo outra pessoa". O que aconteceu? Será que nos distraímos em algum momento e a nossa ética não é a da convivência, mas é a do outro como inimigo? "Ah, mas aqui é assim." Violência? "Aqui é assim. Eu já fui assaltado e agora tenho duas bolsas, uma do ladrão e uma minha. A minha fica debaixo do banco. Eu uso carro blindado."

Claro. Nós vamos criando meios de nos acostumarmos ao normal.

Normal?
...

autor:
Mário Sérgio Cortella
do livro "Qual é tua Obra? - Inquietações propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética"; 6ª Edição, Editora Vozes

segunda-feira, 3 de setembro de 2012



A CURA REAL DAS DOENÇAS

Não trate apenas dos sintomas, tentando eliminá-los sem que a causa da enfermidade seja também extinta. A cura real somente acontece do interior para o exterior. Sim, diga a seu médico que você tem dor no peito, mas diga também que sua dor é dor de tristeza, é dor de angústia.

Conte a seu médico que você tem azia, mas descubra o motivo pelo qual você, com seu gênio, aumenta a produção de ácidos no estômago.

Relate que você tem diabetes, no entanto, não se esqueça de dizer também que não está encontrando mais doçura em sua vida e que está muito difícil suportar o peso de suas frustrações.

Mencione que você sofre de enxaqueca, todavia confesse que padece com seu perfeccionismo,com a autocrítica, que é muito sensível à crítica alheia e demasiadamente ansioso.

Muitos querem se curar, mas poucos estão dispostos a neutralizar em si o ácido da calúnia, o veneno da inveja, o bacilo do pessimismo e o câncer do egoísmo. Não querem mudar de vida. Procuram a cura de um câncer, mas se recusam a abrir mão de uma simples mágoa.

Pretendem a desobstrução das artérias coronárias, mas querem continuar com o peito fechado pelo rancor e pela agressividade.

Almejam a cura de problemas oculares, todavia não retiram dos olhos a venda do criticismo e da maledicência.

Pedem a solução para a depressão, entretanto, não abrem mão do orgulho ferido e do forte sentimento de decepção em relação a perdas experimentadas.

Suplicam auxílio para os problemas de tireoide, mas não cuidam de suas frustrações e ressentimentos, não levantam a voz para expressarem suas legítimas necessidades.

Imploram a cura de um nódulo de mama, todavia, insistem em manter bloqueada a ternura e a afetividade por conta das feridas emocionais do passado.

Clamam pela intercessão divina, porém permanecem surdos aos gritos de socorro que partem de pessoas muito próximas de si mesmos.

Deus nos fala através de mil modos. A enfermidade é um deles e por certo, o principal recado que lhe chega da sabedoria divina é que está faltando mais amor e harmonia em sua vida. Toda cura é sempre uma autocura e o Evangelho de Jesus é a farmácia onde encontraremos os remédios que nos curam por dentro. Há dois mil anos esses remédios estão a nossa disposição. Quando nos decidiremos?

 José Carlos De Lucca
 Do livro: "O Médico Jesus"

domingo, 12 de agosto de 2012



PERDOAR
por Louise L. Hay *

Você nunca estará livre da amargura enquanto continuar a ter pensamentos de rancor. Como poderá ser feliz se continuar a escolher guardar raiva e ressentimento? Pensamentos amargos não criam alegria. Não importa o quanto você possa achar que tem razões para a mágoa, não importa o dano que os outros lhe causaram. Se Você insistir em ficar preso ao passado, nunca será livre. Perdoar a si mesmo e aos outros libertará Você da prisão do passado. Se Você se sente preso a uma determinada situação, ou se suas afirmações não estão funcionando, geralmente isso significa que ainda há trabalho a ser feito em relação ao perdão. Quando Você não flui de modo livre com a vida, normalmente é porque está aprisionado a um acontecimento passado. Pode ser arrependimento, tristeza, mágoa, medo, culpa, acusação, raiva, ressentimento, ou às vezes até desejo de vingança. Cada um desses estados de espírito resulta da ausência de perdão, da recusa em desapegar-se do que passou e viver plenamente o momento presente. Desta forma, Você compromete seu futuro, pois ele só pode ser criado no agora.

Se Você permanece ligado ao passado, não consegue usufruir o presente. É somente nele que os pensamentos e palavras têm poder. Se o presente está contaminado pelas mágoas antigas, você estará criando seu futuro a partir do lixo do passado.

Quando você acusa outra pessoa, abre mão do seu próprio poder, pois está deslocando a responsabilidade para o outro.

As pessoas que fazem parte da sua vida podem se comportar de maneira que provoquem reações incômodas em você. No entanto, se elas passam a ocupar sua mente, é você quem as deixa permanecer lá, produzindo sofrimento e drenando sua energia. Assumir a responsabilidade pelos próprios sentimentos e reações equivale a assumir as rédeas da sua vida. Esta é uma escolha que você faz a cada momento: dominar o processo e dar à sua vida a direção que você deseja ou simplesmente reagir aos acontecimentos externos.

A maioria das pessoas não entende direito o que é o perdão nem sabe que existe diferença entre perdão e aceitação.

Perdoar alguém não significa justificar o seu comportamento! O ato de perdoar se dá na sua mente. Não tem absolutamente nada a ver com a outra pessoa. O verdadeiro perdão consiste em se libertar da dor. É apenas um ato de libertação da energia negativa à qual você escolheu ficar ligado.

E também o perdão não significa permitir que comportamentos e ações dos outros que causam sofrimento continuem a ocorrer. Às vezes o perdão significa desapegar-se, você perdoa a pessoa e a libera. Assumir uma posição de recusa à agressão alheia e estabelecer limites saudáveis é geralmente a atitude mais amorosa que você pode ter, não apenas em relação a si mesmo como também ao outro.

Sejam quais forem suas razões para ter sentimentos de amargura e rancor, você pode superá-los. Você tem essa escolha. Pode escolher permanecer prisioneiro e ressentido, ou pode fazer um favor a si mesmo perdoando o que aconteceu no passado, desapegando-se, e passando a criar uma vida de alegria e realizações. Você tem a liberdade de fazer da sua vida o que quiser, porque tem a liberdade de escolha.

* Louise Hay é uma autora motivacional e fundadora da Casa Hay, de publicações literárias. Louise lançou vários livros de auto-ajuda, sendo considerada uma das fundadoras deste tipo de literatura. Seu livro mais conhecido é "Você pode curar sua vida", de 1984.