sexta-feira, 30 de dezembro de 2011


RECEITA DE ANO NOVO


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

MATURIDADE

Maturidade é a capacidade de fazer um serviço quer você seja inspecionado ou não, de estar com dinheiro no bolso sem gastá-lo, e de ser capaz de sofrer uma injustiça sem querer pagar na mesma moeda.

Maturidade é a capacidade de controlar a ira e de resolver diferenças sem violência.
Maturidade é paciência. É a disposição de adiar uma gratificação imediata em favor de um ganho de longo prazo.

Maturidade é perseverança, é a capacidade de suar a camisa para levar avante um projeto ou suportar uma situação a despeito da ferrenha oposição e de reveses desencorajadores. É a capacidade de enfrentar sem queixa e sem desanimo situações desagradáveis, frustração, desconforto e derrota.

Maturidade é humildade. É ser suficientemente grande para dizer: “Eu estava errado”. E, quando certa, a pessoa madura não precisa experimentar o gostinho de dizer: “Bem que eu avisei...” ou “Eu falei mais de mil vezes...”.

Maturidade é a capacidade de tomar uma decisão e sustentá-la. Os imaturos gastam a sua vida explorando possibilidades sem conta; depois nada realizam.

A pessoa madura inspira confiança porque cumpre a sua responsabilidade e passa incólume através das crises. Os imaturos são os mestres da desculpa. São confusos e desorganizados. As suas vidas são um emaranhado e promessas quebradas, de ex-amigos, de negócios inacabados e de boas intenções que de algum modo nunca se materializam.

Maturidade é a arte de viver em paz com aquilo que não podemos mudar, é a coragem de mudar aquilo que pode ser mudado e é a sabedoria para reconhecer a diferença entre ambos.

Extraído e adaptado de artigo do jornal americano “The Louisville Times”, 26/07/1980, pagina 15.

sábado, 24 de dezembro de 2011

MENSAGEM DE NATAL


PARÁBOLA DA ALIENAÇÃO
Neimar de Barros*

Um menino viu a mãe comprar uma árvore, enchê-la de bolas coloridas e dizer que o Natal havia chegado. Viu o pai dar dinheiro para a grande ceia com nozes, castanhas, avelãs e até peru...

Viu o tio trazer para dentro de casa um ridículo Papai-Noel com barbas e barriga falsas, dando presente a todo mundo. Viu o irmão mais velho tocar músicas típicas da data. Viu o vizinho bêbado festejando o Natal.

Viu a cidade enfeitada e as lojas exigindo consumo, pela propaganda que faziam. Viu uma fila enorme dando volta em dez quarteirões, favelados recebendo um bonequinho de plástico e duas bexigas de soprar.

Viu os desastres aumentarem nesse dia por causa das correrias, das bebidas... Viu brigas com bofetões e tudo, por causa do festejo de uma buzina. Viu inúmeros cartões de "Boas Festas" e uma enxurrada de arrotos satisfeitos.

O menino assistiu a tudo isso calado. Ao final da noite, numa oração espontânea, ele pediu profundas desculpas ao ANIVERSARIANTE.

* - do livro "O DIA DA SUA MORTE", Editora Shalom, 1973
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NOSSA NOTA

Neste Natal, saiba a diferença entre celebrar e comemorar. Mais do que isso, dê preferência à prática do primeiro termo, pois ele dá vazão ao real sentido da data: solenizar o advento do Cristo Jesus em nosso orbe, em nosso núcleo familiar. O segundo verbo, infelizmente o mais praticado, apenas transforma a data em ocasião para risadas, diversão e banalidades, como bem apontou o texto acima. 
Pense nisso!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

NOTÍCIAS DO 30º NATAL DO MENOR CARENTE


Alguém já disse que, quando o sentimento é profundo, palavras não conseguem alcançá-lo, tampouco descrevê-lo a contento. Curiosamente, sentimos certa dificuldade em escrever acerca da Festa do Natal do Menor Carente, realizada anualmente em nossa TUEDLUZ, pois temos a impressão de que as palavras mais adequadas para ilustrar a essência desse evento sempre nos escapam. Falar também não é fácil, pois a voz embarga facilmente, dada a sensação que nos envolve.

Essa iniciativa filantrópica foi iniciada por minha Mãe, há trinta anos, e levo adiante com enorme contentamento, em estreita conexão com o ideal umbandista, que, por sua vez, é plenamente cristão. No último dia 18, graças à generosa contribuição material de muitos colaboradores, obtivemos pleno êxito em assistir a 47 crianças carentes e suas famílias. Pudemos realizar farta distribuição de brinquedos e cestas básicas, além de oferecermos ações recreativas para os assistidos. Abaixo seguem alguns registros fotográficos dessa Festa, que, mais uma vez, marejou nossos olhos e sensibilizou profundamente nosso espírito.

Por acreditar e investir em nossas ações, você também é responsável por todas as nossas conquistas. Muito obrigada!!!

Mãe Andréa

Confira algumas fotos do evento (clique sobre elas para ampliar):






sábado, 17 de dezembro de 2011

O FALCÃO E A ÁGUIA

Conta uma lenda dos índios Sioux que, certa vez, Touro Bravo – o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique e umas das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo, e pediram:

“Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas nos amamos tanto que queremos um conselho que nos garanta ficar sempre juntos, que nos dê a certeza que estaremos um ao lado do outro até a morte. Há algo que possamos fazer?”

O velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

“Há uma coisa a fazer, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia e apenas com uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com uma rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim viva!”

Os jovens abraçaram-se com ternura e logo partiram para cumprir a missão. No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves. O velho tirou-as dos sacos e constatou que eram verdadeiramente formosos exemplares dos animais que ele tinha pedido.

“E agora, o que fazemos?”, perguntaram os jovens.

“Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres. Eles fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela impossibilidade do vôo, as aves arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se até se machucarem”.

Então o velho disse: “Jamais esqueçam disso que estão a ver, esse é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão se arrastando, como, também, mais cedo ou tarde, começarão a se machucar, e a machucar ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados. Que o relacionamento de vocês se prenda por uma real aliança, construída na verdade de sentimentos. Que esta aliança não se transforme em algemas, para que prevaleça o respeito, pois na relação a dois, o sentimento só cresce se as individualidades forem respeitadas no mais alto nível. Na verdadeira aliança, gerada no amor e no respeito, o sentimento não murcha, só cresce e se renova a cada dia, dando frutos de equilíbrio e serenidade.

Sejam felizes !!!

domingo, 4 de dezembro de 2011

A crise, segundo Einstein

"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado". Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la."

Albert Einstein

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

AH, EU RECOMENDO!


QUANDO O NOSSO MUNDO SE TORNOU CRISTÃO
Paul Veyne

Em meio aos recorrentes escândalos na Igreja Católica neste início de século, Paul Veyne realiza um profundo estudo sobre a incrível expansão do Cristianismo. O historiador e arqueólogo explica como a fé cristã pôde em apenas um século, entre os anos 300 e 400, se espalhar por todo o ocidente. Quando nosso mundo se tornou cristão apresenta as razões e conseqüências desta rápida propagação, que mudou os rumos da História. 

Ao analisar o progresso do cristianismo, o autor refuta a crença de que Constantino, um dos quatro imperadores romanos da época, visse na nova religião uma chance de unir e estabilizar o Império. Para isso, ele apresenta uma interessante reflexão sobre a passagem histórica que descreve a adesão do governante ao cristianismo: o dirigente estava em guerra com Maxêncio, que dominava indevidamente a Itália e Roma. Para recuperar estas terras, Constantino, que também governava a Gália, Inglaterra e Espanha foi à guerra. Na noite anterior à batalha decisiva, o governante sonhou que sairia vitorioso se abraçasse o Cristianismo. Assim o fez e recuperou seus domínios roubados.

O autor afirma que Constantino não tinha como objetivo usar a religião como instrumento de legitimação do regime político. Ele mostra como o cristianismo tem sua origem baseada na oralidade e coletividade e destaca a visão vanguardista do Imperador, que percebeu a legitimidade do movimento, até aquele momento com poucos adeptos, e por isso digno de seu trono.

Paul Veyne destaca a importância do ato de Constantino, considerado o marco na história ocidental, que deu origem à Era Cristã. “Em 324, a religião cristã assumia com um golpe único uma dimensão ‘mundial’ e Constantino estaria alçado à estatura histórica. (...) O cristianismo dispunha daí em diante desse imenso império que era o centro do mundo e que se considerava com a mesma extensão da civilização”, conclui Veyne.

O historiador analisa a evolução do cristianismo ao longo do século IV e a sua coexistência com o paganismo, que por todo este período contou com grande número de adeptos. Veyne mostra como a fé cristã evolui de uma seita para uma religião devido ao aumento de bispados em certas regiões do Império, como o norte da Itália. Eles foram responsáveis pela propagação da nova religião no campesinato. O autor continua sua análise ao refletir sobre a influência do cristianismo na história européia.

Quando o nosso mundo se tornou cristão
Paul Veyne
285 páginas, Editora Civilização Brasileira
R$ 35 (em média, sem frete)

Locais na Internet para aquisição do livro:

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