sábado, 2 de junho de 2012

CAUSAS DE QUEDAS E FRACASSOS DE MÉDIUNS - PARTE 3



Agora falemos do 
3º CASO – A queda pelo fator SEXO. Esse é um dos aspectos mais escabrosos, um dos mais escusos e uma dos mais difíceis de ser perdoados pela entidade protetora... É um caso que está intimamente ligado ao 1o, ou seja, o da vaidade excessiva. Um se completa, quase sempre, com o outro, e às vezes os três juntos.Temos em nossos 26 anos de Umbanda, assistido, constatado, identificado, positivamente, a situação ou as condições de vários médiuns que caíram desastrosamente por causa do elemento sexo...

É que esse é um dos fracassos mais duros de ser suportado, não resta a menor dúvida, porque mais do que nos outros, a MORAL do médium fica na LAMA em que ele se SUJOU. Por mais que eles digam e se desculpem de toda forma, ninguém se esquece, ninguém consegue apagar da lembrança a causa do seu fracasso.... É uma MANCHA, que, mesmo que ele tenha se regenerado completamente , mesmo assim, não se apaga...

Já dissemos como é que o médium de fato é logo envolvido pelas criaturas, com admiração, bajulações e fanatismo. Ele sente um constante endeusamento em torno de si e quase que sem sentir vai caindo na faixa da vaidade. Particularmente (convém repetir) se sente muito visado pelo elemento feminino, que tem a propensão para se deixar fascinar pela mediunidade, mormente quando a vê num homem bem apessoado.

Bem, todo médium que trabalha na faixa da luz, no combate a todas as mazelas, especialmente contra o baixo-astral – convém sempre que o lembremos – é avisado constantemente pelas entidades protetoras de que sua regra de todo instante é o “orai e vigiai”... Por quê? Porque o baixo-astral que ele contraria, por força de sua mediunidade positiva, fica na sombra aguardando uma oportunidade para atacá-lo... Logo, se ele tem um ponto fraco qualquer, nesse caso, uma forte predisposição sensual, é certo que esse mesmo baixo-astral lançará mão de todos os recursos para instigá-lo nessa parte...

Então, como não podem atacar diretamente, costumam fazê-lo, lançando sobre ele a tentação do sexo através de algum elemento feminino que o cerca e que por sua própria natureza é fraco. Isso no caso do homem-médium. No caso da mulher médium é a mesma coisa. Essa cai mais depressa. Lançam o elemento masculino sobre elas e pronto... quase não tem muito trabalho, pois a mulher tem uma ponte de contato maior, muito maior do que o homem, para o baixo-astral – é sua natural vaidade que é logo decuplicada... e pronto... é difícil escapar (há exceções, é claro. Estamos nos referindo à causa comum do fracasso).

Mas que não haja dúvidas do seguinte: o médium é alertado, pela sua entidade protetora, de todos os aspectos negativos que o cercam. Exercem uma constante vigilância sobre ele e nada acontece a esse médium se ele está dentro da moral ou da “linha justa”. Agora, se esse médium, usando de seu livre-arbítrio, dentro de uma incontida predisposição, já por ter criado pela vaidade uma série de condições negativas, vira as costas à moral e à “linha justa”, construiu a ponte de contato mental ou vibratório para as influências inferiores. Dentro dessas condições ele está repelindo as influencias benéficas e protetoras de suas entidades, que se vêem jogadas a um segundo plano...

E é por tudo isso que, nessas questões, nesses casos de médiuns-fracassados por causa de forte incontinência sexual ou pelo irrefreável sensualismo em torno de mulher ou moça de seu próprio terreiro, não tem desculpa... ou melhor: um ou outro, excepcionalmente, dadas certas condições particularíssimas de sua vida, foram desculpados, porém, dentro do ultimatum de ser o primeiro e o último...

Porque, infelizmente, é duro mas nós vamos dizer: todos os fracassos, todas as quedas de médiuns, quer seja homem ou mulher, tem se dado, invariavelmente, com elementos ou criaturas que estão dentro do terreiro ou que fazem parte do corpo-mediúnico, isto é, criaturas que estão sob a responsabilidade moral e espiritual do médium-chefe...

Não é que estejamos nos arvorando de Juiz – longe disso! Quem somos nós para isso... Estamos nos baseando, tão-somente, na observação fria, no fato inconteste de que, quase todos eles – os médiuns decaídos – foram abandonados pelos seus protetores imediatamente e esses protetores não mais voltaram... E se abandonaram e não mais voltaram é porque não desculparam o ERRO ou os erros... E é claro, patente que, se esses protetores não mais voltaram a ter ligações mediúnicas com o seu “aparelho”, é porque ele NÃO SE REGENEROU, não entrou no sincero arrependimento, indispensável à verdadeira reintegração moral-mediúnica...

Assim falamos porque, além da observação direta, além dos esclarecimentos dados sobre o assunto por uma entidade amiga, temos acolhido as lágrimas de remorso de inúmeros irmãos que foram, no passado, médiuns de fato e que depois de terem usufruído por muito tempo de toda uma aparente situação, acabaram rolando pelo caminho da doença, da miséria material e moral...

Assim, queremos reafirmar aqui, em tintas negras, para esses irmãos médiuns que estão predispostos ou que PROSTITUIRAM a sua mediunidade e que CONTINUAM dentro dessas condições, isto é, sem terem até o presente procurado o caminho da REGENERAÇÃO, sinceramente, humildemente, que a LEI É DURA e eles não podem nem imaginar o ABISMO DE HORRORES que os esperam do outro lado da vida...

Esses médiuns decaídos, fracassados, que persistem no caminho do erro, quando desencarnarem se verão face a face com o cortejo de horrores, blasfêmias, ameaças e clamores de vingança daqueles que eles envolverem em suas tramas de erros, interesses mesquinhos, por via de seus trabalhos, de suas consultas erradas, de toda má orientação que deram a seus semelhantes. Por via da influência inferior que acolheram. Verá todo aquele baixo-astral, que ele arrebanhou para servi-lo através dos preceitos grosseiros em que ele se transviou, RIR SATANICAMENTE, fazendo valer seus diretos de conluio, isto é, arrebatá-lo para o seu lado...

Verá, quando transpuser o túmulo (se desprender dos laços carnais, pela “morte”) como num panorama tétrico, o desfilar em sua própria consciência de todos os seus desacertos. A sua imaginação apavorada, exaltada, fará uma revisão tão precisa de seu passado, que tremendos pesadelos astrais o acometerão como hediondos fantasmas que não dominará e nem sequer poderá afastar de sua menteespiritual... Angustiado, acovardado, se verá presa desse astral-inferior e dos irmãos que ele enganou e prejudicou na vida terrena... Ele será arrebatado – quase sempre é assim – pelo astral inferior por muito tempo, até que a Providência Divina lhe dê uma chance para libertação...

Agora devemos reafirmar duas coisas. 1a – Que nem todos os médiuns, por que são da Corrente de Umbanda e por força dessa circunstância tem de lidar com os efeitos do baixo-astral, tendem fatalmente a serem atacados, a serem envolvidos, enfim, a fracassar... Não! Nos da corrente dita como kardecista, essas situações também acontecem ... “aqui como lá, maus fados há”...

Conhecemos também vários médiuns de fato que tem a proteção do seu “caboclo, de seu preto-velho”, desde o princípio, há 15, 20 e mais anos. Nunca se desviaram da linha-justa e nunca sofreram nada a não ser as naturais injunções ou provações de seus próprios karmas...
A 2a reafirmação é a seguinte: que no caso de todos os médiuns fracassados, os seus protetores muito lutaram para evitar as suas quedas; fizeram o possível e o “impossível”. Muitos desses “caboclos, desses pretos-velhos”, chegam até a disciplinar, a castigar mesmo o aparelho, antes do abandono final. Por vezes, jogado numa cama, com pertinaz moléstia, por meses e até por um, dois e mais anos.

Dão-lhes certos tombos na vida material. Fazem ficar desempregados, passando necessidades etc. É como se diz na “gira de terreiro”... “fulano está apanhando que só boi de canga”... Esses médiuns que estão dentro dessas condições disciplinares ficam revoltados, chegam até a xingar os seus guias etc., e costumam “correr outra gira”, para ver “o que é que há com eles”.

E lá vão se queixar ao protetor do outro, que naturalmente já sabe do que se trata. É quando “preto-velho” diz com muita propriedade: “em surra de preto velho eu não boto a mão”... ou então, “quando caboclo bate, não reparte pancada”... Depois de uma séria disciplina, alguns desses médiuns se emendam, ficam com medo e não facilitam mais, isto é, começam a dominar a excessiva-vaidade ou voltam à linha-justa quanto à ambição pelo dinheiro ou às cobranças desregradas, ou sobrepujam as suas predisposições sensuais incontidas...

Porém, a maior parte desses médiuns, mesmo passando por uma disciplina, um duro castigo, mesmo assim, voltam a inclinar-se desastrosamente nas antigas e adormecidas predisposições... então “caboclo ou preto-velho”, vê que não há mais jeito... não adiantou o castigo, nem advertência, nem nada... Assim, é um fato, é uma verdade que nenhum desses médiuns-fracassados ficou com o seu protetor, em sua guarda, depois de terem errado, persistindo no erro. Esses “médiuns” costumam se desculpar, depois, dizendo que caíram vítimas de demandas muito fortes etc... mas não! Foi “força de pemba” mesmo. Foi a Lei que faz executar sobre eles o “semeia e colhe”...

A “força de pemba” às vezes é tão grande, desce com tanta rapidez sobre o médium que prostituiu sua mediunidade que muitos são levados ao suicídio, à embriaguez e a vergonhas maiores...

Você, meu irmão umbandista (ou não) que acaba de ler tudo isso, sabe lá o quão doloroso é, para um médium, depois de ter sido admirado, acatado, respeitado, tido sua fase de glória mediúnica, acabar completamente desmoralizado, desprezado, em face de sua moral-mediúnica, sua moral-doméstica e social que ficou a ZERO?....

Porque, meu irmão umbandista – cremos que você compreendeu bem o caso – não é o erro em si, porque errar é humano e afinal todos nós podemos escorregar, de uma forma ou de outra! A questão é cometer o mesmo erro, é persistir nos MESMOS ERROS. Caboclo e preto-velho não são CARRASCOS, mas não podem acobertar erros nem a repetição dos mesmos erros....


W. W. da Matta e Silva (Mestre Yapacani)
[originalmente publicada no livro "Umbanda do Brasil" - Livraria Freitas Bastos].