UMBANDA NÃO É ESPIRITISMO
PARTICULARIZADO COMO DE KARDEC, TAMPOUCO O CHAMADO AFRICANISMO...
É comum a controvérsia de uns e
de outros, quanto a Umbanda ser um "aspecto" ou modalidade do chamado
Espiritismo dito de Kardec. Estes estudiosos parecem que não estudaram a
"coisa" como ela é e se apresenta. Batem-se no ponto de que no
Umbandismo existe a manifestação dos espíritos e no Espiritismo, também. É este
o cavalo de batalha deles. Vamos elucidar essa questão, pois já gastaram muita
tinta e papel nisso...
Ora, todos sabem que quem
particularizou o termo espiritismo foi Allan Kardec, para traduzir por ele
certos ensinamentos dos espíritos. A palavra espírito se perde na antiguidade,
dentro dos livros religiosos de vários povos, inclusive nos Vedas, dos Brahmas,
no Livro dos Mortos dos Egípcios, nas obras de Fo-HY, um dos mais antigos
sábios da China, na Bíblia de Moysés, na Kabala dos Judeus, nos evangelhos
ditos do Cristo, e, para não citarmos mais, na antiqüíssima Bíblia Maya-Quiché
– o Popol-Vuh, etc.
Mas, que se deve entender
realmente por Espiritismo? Segundo Kardec, é a doutrina dos espíritos. Como
vêem, pelo exposto, revelar a doutrina ou as coisas do espírito não foi
privilégio nem de uns ou de outros. “Diremos, pois, que a doutrina espírita ou
Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os espíritos ou
seres do mundo invisível, etc.” (O Livro dos Espíritos, introdução, página 11)
E estes espíritos? Foram engendrados exclusivamente por Kardec, para criarem
uma doutrina sua – própria?
Ora, estas relações, esta doutrina,
que também traduzem as Eternas verdades, são tão velhas quanto a própria
humanidade, porquanto podem ser identificadas nestes ditos antigos e sagrados
livros das mais velhas religiões do mundo. É só compararmos os 34 itens com que
ele (Kardec) fundamentou os ‘pontos principais’ da doutrina que os espíritos
transmitiram, na introdução de “O Livro dos Espíritos”.
Então, devemos reconhecer que a
essência desta doutrina, espíritos e suas relações com o mundo da forma,
comunicações, revelações, fenômenos inerentes à mediunidade são FATOS que
remontam aos primórdios das civilizações, não são, portanto, REALIDADES somente
conhecidas de 1857 aos nossos dias. E a Umbanda tem como vértice de sua razão
de ser, desde as eras primitivas, ou melhor, particularmente desde a 2ª
Raça-Raiz, ou Lemurianos, numa Era de Escorpião – o signo da Magia, a
exteriorização periódica ou por ciclos destes fatos, ressurgiu na atualidade,
como no passado, entre os Atlantes, os Mayas e os Quiches, os Tupy-Guaranis e
os Tupy-Nambás da época pré-cabraliana, bem como há milênios, quando do antigo
apogeu da raça africana, que conservou dentro da tradição oral, até nossos
dias, farrapos desta Lei ou desta Doutrina – revelação do próprio Verbo –
primitiva síntese religio-científica, cujas derivações podem ser identificadas
nos diferentes sistemas religiosos (pelo aspecto esotérico) de todas as raças.
Agora vamos definir positivamente
uma regra: que Kardec codificou, isto é, propagou, apenas, PARTE dessas antigas
verdades - reveladas pelos espíritos de acordo com a época - expressões de uma
Lei, imutável, que vêm sendo confirmadas e ampliadas dentro das nossas Linhas
de Umbanda, por grandes instrutores, espíritos altamente evoluídos, que
consideramos como Orixás intermediários e Guias, que têm como missão precípua
reconstituir as partes restantes, ou seja, o todo....
O que ressalta então, claramente do
exposto? Que há uma certa identidade entre o Espiritismo e a Umbanda. Esta
identidade se verifica, quanto à Doutrina, à manifestação e comunicação dos
espíritos, pelo fator mediúnico, bem como pela parte científica, filosófica e
moral, etc...Mas, sobrepõe-se logo, numa comparação, o seguinte: a Lei de
Umbanda NÃO É o Espiritismo, APENAS. Este, com todo seu conteúdo, é que
faz parte da Umbanda, isto é, se integra ou se ABSORVE NELA.
Na Umbanda, ALÉM da parte
filosófica, científica, doutrinária e dos fenômenos da mediunidade, pela
manifestação, desta ou daquela forma, dos espíritos, formando estas coisas, os
atributos principais e tacitamente reconhecidos como particularizando a Escola
Kardecista, tema Umbanda ainda, bem definido, o aspecto propriamente dito de
uma Religião, pela Liturgia, Ritual, Simbologia, Mitologia, Mística, bem como
pela Magia, Astrologia esotérica e outras correlações de Forças NÃO PRATICADAS
no denominado espiritismo, e, portanto, nele INEXISTENTES ...
W.W. da Matta e Silva
Umbanda – Sua Eterna Doutrina,
Edição 1998, página 43.