quinta-feira, 5 de abril de 2012


O QUE VOCÊ FARÁ NESTA PÁSCOA?

Mais uma páscoa se aproxima de nosso calendário, e, mais uma vez, é possível enxergar como estamos distantes de celebrar o sentido espiritual desta data. A mensagem de superação e libertação transmitida pelo Cristo Jesus, em seus derradeiros dias encarnado, dentre nós, deveria propiciar um momento de aferição da nossa Reforma Íntima. Proporcionar instantes de meditação, balizadores daquilo que fizemos, e, principalmente, daquilo que deixamos de fazer, em nossa jornada pela Cristandade. Longe disso, assistimos a uma “Semana Santa” de assassinatos, cisões familiares, acidentes trágicos e arrotos satisfeitos, sempre embalados por convenções sociais que, longe de nos purificar, apenas deixam mais inflamadas as necessidades de mudança em nosso espírito. O domingo de páscoa chega, e, mais uma vez, não sorvemos a genuína Via Crucis de Jesus. Longe de entendermos os catorze passos da jornada espiritual d’Ele, continuamos descansando ao pé do morro, vendo o martírio do Mestre sob a perspectiva da nossa zona de conforto.

Apontar o capitalismo, tão simplesmente, como fator-mor para dissociação dos valores cristãos inatos à Páscoa seria algo, no mínimo, pedante, pois, ao eleger o dinheiro e as posses materiais como templo de nossa felicidade (que nunca encontramos, por sinal), nosso sistema financeiro é apenas o reflexo de nossa conduta egocêntrica. O capital não tem vida própria, não é “Entidade” alguma. Mas, enquanto instrumentalizado como vetor de vontades doentes, adquire esse aura terrível, que subverte o Sagrado e sacraliza o Profano. Transferir a culpa para a “modernidade” não apazigua em nada a questão da subversão da Páscoa Cristã. O famigerado “Ovo de Páscoa”, por exemplo, nenhum mal poderia causar à ideia de se celebrar a Páscoa em família, sob o verdadeiro espírito Cristão, se não fosse colocado em um pedestal de “bens obrigatórios” para a celebração da data. Não foi a “modernidade” que colocou esse ovo de chocolate ao centro da mesa. Foi a nossa omissão perante o resguardo da verdadeira ritualística pascoal. O mesmo vale para o bacalhau, o vinho, dentre tantos outros “acessórios” de uma tradição, que, sem a devida ancoragem espiritual, não passam de uma coleção de guloseimas, à disposição de nossa fome biológica.

Enquanto enchemos o estômago de especiarias, o Espírito fica cada vez mais desnutrido. Há alguns dias, estava conferindo as frivolidades de uma famosa rede social, e por lá coletei curiosos desabafos pascoalinos, provenientes de alguns “amigos” virtuais. Vários deles praguejavam contra a Quaresma, pois a abstinência do álcool estaria pra lá de insuportável. Pensei comigo mesmo: Não estaríamos sendo estúpidos demais ao nos propor uma analogia tão esdrúxula, entre o calvário do Cristo e a minha ânsia pela ingestão de bebida alcoólica? A crucificação do Mestre equivale ao meu “sofrimento” por não beber durante quarenta dias?

Páscoa seria castigo? Martírio físico? Auréola forjada? Cessação temporária de desejos mundanos? Quem ressuscitará em mim neste próximo domingo? Uma alma que buscará mais comprometimento com a Cristandade, ou aquele velho transeunte das misérias morais, que parou de beber por quarenta dias?

Depois do domingo de páscoa, voltarei às fraquezas que conferem fortaleza ao meu Ego? Alguns certamente pensarão: “Fiz meu dever de casa na “Semana Santa”. Certo, Jesus?” Não precisaríamos de muita inteligência para imaginar a resposta dele: “ERRADO, meu Filho! Mais uma Páscoa passa em branco em sua vida. Te espero na próxima!”

Enfim, meus queridos Irmãos, não deixe que esta data se transforme, mais uma vez, em um simples feriado. Busque a essência do Evangelho na mensagem rediviva daquele que se sacrificou por nós, e, que, desde então, espera que também enfrentemos o  nosso próprio Calvário, por Ele. Está na hora de encarar o peso de nossa Cruz, tão eivada de antagonismos e “projetos de salvação” já condenados pela falta de autocrítica.

Luciano M. Leite
membro da TUEDLUZ

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