sábado, 26 de maio de 2012

CAUSAS DE QUEDAS E FRACASSOS DE MÉDIUNS - PARTE 1


Esses são assuntos áridos, sobre os quis todos se escusam de falar ou de escrever e, quando o fazem, é por alto, indiretamente... Nós vamos abordar essa questão de maneira mais direta possível, pois visamos assim, tão-somente, a levar um brado de alerta àqueles que estão predispostos a esses erros e mesmo para os que já caíram neles, visto termos a esperança de que nossa sincera advertência ainda possa chegar a tempo do recuo, da salvação ou da regeneração...

Ora, é com grande tristeza, bastante desolado mesmo e sem o menor resquício de querer ser melhor do que ninguém (pois também temos nosso karma bem pesado, por erros de pretérito), que vimos, dentro de uma serena e acurada observação, quase que direta, sobre pessoas e casos, testemunhando, constatando, como é grande o número de médiuns fracassados ou decaídos e, o que é pior, sem termos visto ou sentido neles o menor desejo de reabilitação sincera, pautada na escoimação real de suas mazelas, de suas vaidades, de suas intransigências etc.

O que temos observado cuidadosamente na maioria desses médiuns-fracassados são os tormentos do remorso que, como chagas de fogo, queimam-lhes a consciência, sem que eles tenham forças para se reerguerem moralmente, pois se enterraram tanto no pântano do astral-inferior, se endividaram tanto com os “marginais do astral” que, dentro dessa situação, é difícil mesmo se libertarem de suas garras...

Isso porque o casamento de fluidos entre esses médiuns-fracassados e esses “marginais do astral” – os kiumbas – já se deu há tanto tempo, que o divórcio, a libertação se lhes apresenta dentro de tais condições de sofrimento, de tais impactos, ainda acrescidos de renuncia indispensável a uma série de injunções, que o infeliz médium-decaído prefere continuar com seus remorsos...

É duro, duríssimo mesmo, se libertar de um kiumba que entrou, há muitos anos, na faixa de um aparelho pelas suas antenas mediúnicas em distúrbio e cujo legítimo protetor ou guia – caboclo ou preto-velho – o tenha abandonado por causas morais, principalmente quando o seu caso foi sexo ou dinheiro.

Mas situemos desde já, dentre os diversos meios pelos quais os médiuns têm fracassado, os três aspectos principais ou os três pontos-vitais que os precipitam nos abismos de uma queda mediúnica. Ei-los:

I – A vaidade excessiva, que causa o empolgamento e lança o médium nos maiores desatinos, abrindo os seus canais-medianímicos a toda sorte de influências negativas.

II – A ambição pelo dinheiro fácil, exaltada pelo interesse que ele identifica nos “filhos-de-fé” em lhe agradar, em lhe presentear, para pedir favores, trabalhos, pontos, afirmações etc., que envolvem elementos materiais.

III – A predisposição sensual incontida, que lhe obscurece a razão, dada a facilidade que encontra no meio do elemento feminino que gira em torno de si por interesses vários e que comumente se deixa fascinar pelo “cartaz” de médiumchefe...de “chefe-de-terreiro”, babá etc.

Como a coisa começa a balançar a moral-mediúnica desses aparelhos?

O 1º CASO – O da vaidade excessiva: uma criatura, homem ou mulher, tem o dom mediúnico. Naturalmente que o trouxe de berço, isto é, desde que se preparava para encarnar. Em certa altura de sua vida, manifesta-se a sua mediunidade. Eis que surge o protetor – caboclo ou preto-velho.


Como no médium de fato e da Corrente Astral de Umbanda a entidade também é de fato, é claro que ela faz coisas extraordinárias. Cura. Ajuda. Aconselha. Tem conhecimentos irrefutáveis etc... São tantos os casos positivos do protetor através da mediunidade do médium, que logo se forma em torno dele uma corrente de admiração, e de fanatismo também.


A maioria dos elementos que o cercam, diante das coisas que vêem, são levados a agradar, a bajular, e com essas coisas, inconscientemente, vão-lhe incentivando a vaidade latente. Isso de forma contínua. A maioria desses médiuns não estudam, porque também não receberam ou não se interessam por uma preparação mediúnica adequada.


O protetor faz o que pode e deve (respeitando o livre-arbítrio), isso é, ensina, doutrina, alerta pelos canais mediúnicos: na manifestação, nas intuições, nos avisos etc. Mas acontece sempre que o médium, devido a fortes predisposições à vaidade, começa por não dar muita atenção aos conselhos, às advertências que o seu protetor vem fazendo... chega a ponto de se julgar o tal, quase um “pequeno deus”.


Ele pensa que a força é dele... que o protetor é dele – é propriedade sua... O médium vai crescendo em gestos, em palavras, pois que todos se acostumam a acatá-lo em respeitoso silêncio, quando não, pelo medo ou por interesse próprio... Vai crescendo a sua vaidade e logo começa a fazer exibições mediúnicas...


Ele começa a praticar uma coisa que será fatalmente a sua cova... Passa a “trabalhar” sem estar corretamente mediunizado (ou seja, pede apenas a irradiação do “guia” de sua preferência sobre ele). A sua entidade protetora pode usar certos meios para manifestar o seu desagrado, mas respeita também o seu livre-arbítrio, é claro... pois até as Hierarquias Superiores respeitam esta faculdade.


Então, começam os desatinos, as bobagens e as confusões e a respectiva falta de penetração nos casos e coisas. Começa a criar casos, a ter preferências e outras
coisas mais. Não obstante as reiteradas advertências do protetor, ele continua... Eis que surgem os “transtornos”. Os seus canais-mediunicos, dada a faixa-mental que ele criou com os efeitos de sua excessiva vaidade, abre portas aos kiumbas, que entram na dita faixa...


Daí tem início uma série de absurdos, de envolvimento negativos etc. O ambiente do terreiro sai da tônica de outrora. Tudo se altera. Nessa altura o médium percebe apavorado que o seu protetor mesmo – aquilo que era bom, foi embora... deixou de sentir a positividade de suas fluidos benéficos...


No principio ele tem um tremendo abalo...depois...ah! depois, ele vai se acostumando com os fluidos dos kiumbas etc., e mantém a sua excessiva vaidade de qualquer forma... não quer perder o “cartaz”...


Porém, as curas, a antiga eficiência, não há mais... muitos percebem e dão o fora... compreendendo que o “seu fulano não é mais o mesmo” e alguns até passam a olhá-lo com desprezo... e se afastam ironizando dele, muito embora, no passado, tenham se beneficiado com sua mediunidade.


O pobre médium que fracassou pela excessiva vaidade no íntimo é um sofredor, muitos se desesperam com o viver da arte de representar os caboclos, os pretos
velhos  etc...  


Enfim, ser um “artista do mediunismo” também cansa, porque a “descrença” é o “golpe de misericórdia” em suas almas.


W. W. da Matta e Silva (Mestre Yapacani)
[originalmente publicada no livro "Umbanda do Brasil" - Livraria Freitas Bastos].

(CONTINUA...)



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