terça-feira, 29 de maio de 2012

CAUSAS DE QUEDAS E FRACASSOS DE MÉDIUNS - PARTE 2


O 2º CASO – O da ambição pelo dinheiro fácil. 

Aqui é preciso que se note a diferença entre o médium de fato que cai pela ambição desenfreada do vil metal e do “caso” em que se incluem centenas e centenas de espertalhões, desses vândalos que usam o nome da Umbanda e de suas entidades a fim de explorarem a ingenuidade da massa, de todas as maneiras. Esses são bem reconhecidos... Seus “terreiros” são enfeitados, há muita bebida, os “comes e bebes” são constantes, há muita roupagem vistosa, enfim, esses “terreiros” se caracterizam pelos cocares de penas multicores, pelos tais capacetes de Ogum, pelas espadas, pelas capas de cores, pelos festejos que fazem sob qualquer pretexto, onde os médiuns exibem tudo isso e mais os pescoços sobrecarregados de colares de louça e vidro como se fossem “condecorações”... Tudo nesses ambientes é movimento, encenação, panorama... São verdadeiras arapucas, onde tudo é duvidoso. Por ali se paga tudo. Desde uma consulta até um dos tais “despachos”, até as famigeradas “camarinhas” com seus obis e orobôs para “firmar o santo na cabeça”... do paspalhão que acredita nisso. 

Esses antros de exploração, que chafurdam o bom nome da Umbanda na lama da sujeira moral e espiritual, são fáceis de ser reconhecidos. De vez em quando os jornais dão notícias deles...

Mas voltemos ao caso do médium de fato, que fracassou pelo dinheiro... É sabido que a Corrente Astral de Umbanda manipula constantemente a Magia positiva (chamada de magia-branca) sempre para o bem de seus filhos-de-fé ou para qualquer um necessitado, venha de onde vier...

A magia, dentro de certas necessidades ou casos, requer determinados elementos materiais. São velas, flores, ervas, plantas, raízes, panos, pembas e até o fumo e certas bebidas... O fato é o seguinte: quando há mesmo necessidade disso, a entidade pede e a pessoa TRAZ, ou providencia, satisfazendo a Lei de Salva (O que uma entidade pede, independente de seu médium, dentro da Lei de Salva, numa operação mágica, é uma coisa. E o uso legal da Lei de Salva por um médium-magista, é outra coisa. Em nossa obra a caminho do prelo “Umbanda e o poder da mediunidade” está esclarecida, de vez, essa questão).

A coisa quando é manipulada pelas entidades – os caboclos, os pretos-velhos – costuma sempre dar certo. O resultado é satisfatório... De sorte que quase todo mundo que “gira” pelos terreiros, pelas Tendas, sabe disso. Daí é que entra na observação do médium a facilidade, a presteza com que as pessoas se dispõem a fazer um “trabalhinho” para o seu bem, para abrir ou melhorar seus caminhos, etc....
De princípio ele obedece tão-somente às ordens do seu protetor, quanto a esses aspectos. Depois, através de presentes, de agrados diversos dos beneficiados, ele começa a pensar seriamente na facilidade do dinheiro...

Então lança mão de uma chave: a questão da salva...em dinheiro para seu anjode- guarda, para o cambono etc.

Aí, já começou a imperar nele a ambição pelo ganho fácil, por via desses trabalhos... Então, começa a exceder a regra da salva (dentro da magia) e sobre a qual ele já foi bem esclarecido, porque essa salva existe, na Umbanda em relação com a Quimbanda. E como é isto? Diremos: o médium recebe ordens para fazer determinado trabalho, reconhecidamente necessário, quer seja para um “desmancho” de baixa-magia, quer seja para um encaminhamento ou  desembaraço qualquer de ordem material ou de um proveito qualquer, tudo dentro da linha justa, isto é, que jamais implique no prejuízo de alguém... Quer seja uma descarga, um “desmancho” ou proveito qualquer, se for manipulado dentro da movimentação de certas forças mágicas e que impliquem em elementos de oferenda para certas falanges de elementares, à pessoa para quem é feito esse trabalho se pede a dita salva. Essa salva pode constar de certo número de velas ou de azeite para iluminação ou para posterior uso do médium ou de uma compensação financeira relativa, da qual parte deve ser dada de esmola pelo dito médium, na intenção de sua guarda. Essa é uma lei da magia que existe, nós não a inventamos, nem ninguém, e sobre a qual não podemos nos estender em detalhes maiores.

Todavia, devemos esclarecer que essa lei de compensação da Magia, ou para os trabalhos de cunho nitidamente mágico é indispensável. E uma espécie de fator de equilíbrio entre a ação, a reação e o desgaste relativo ao operador (Então repisemos: é claro que estamos fazendo referência aqui aos médiuns-magistas, isto é aqueles que sabem e podem movimentar elementos de ligação mágica, para fins adequados... Não estamos incluindo nisso essa “corja” de espertos, de exploradores que interpenetram o citado meio umbandista, justamente para fazer meio de vida, criando a indústria de umbanda. Porque essa “máquina” está montada e é impressionante verificar como funciona.
E a propósito: Aqui cabe a todos os umbandistas dignos que felizmente existem aos milhares, fazer a seguinte pergunta: que fazem essas tais “uniões, federações, primados, confederações, colegiados e congressos” que, nunca jamais em tempo algum ousaram levantar suas vozes em defesa da dignidade dessa mesma Umbanda, desses mesmos caboclos e pretos-velhos, desses mesmos “orixás” que dizem representar...)

Na Umbanda, já o dissemos: essa lei (ou esse fator) se denomina Salva, e é tão antiga que podemos identificar seu emprego entre os primitivos e verdadeiros Magos e Sacerdotes Egípcios, com a denominação de Lei de AMSRA.

Disso também nos falam os Rosacruzes em seus ensinamentos ou instruções internas (esotéricas).

Agora, compete ao magista, seja ele de que corrente for, não abusar, não exceder, não ambicionar, não derivar para o puro lado da exploração...

Ora, o médium-magista então, ambiciosamente, começa a abusar disso. Começa por se exceder na lei de salva, pedindo mais dinheiro. Passa a cobrar grosso em tudo e por tudo. Inventa “trabalhos” de toda espécie, assim como “desmanchos” e afirmações para isso e aquilo...

E os aflitos, os supersticiosos, os impressionáveis, os filhos-de-terreiro, dão e sempre com prazer, visto esperarem sempre uma melhoria ou uma vantagem qualquer por via disso (aliás a tendência da maioria das pessoas que freqüentam “giras”, é pagar, gostam de o fazer).

Assim – ele, o médium – de tanto fazer trabalhos materializados, sempre por conta própria, mas tudo relacionado com os “exus” (que é o espantalho para essa maioria de ignorantes, de simples, de ingênuos etc.) e que envolvem materiais grosseiros, acaba chafurdado na vibração pesada dos espíritos atrasados, que passam a rondá-lo ou a viver em torno dele, ansiosos por esses tipos de oferendas... A sua entidade protetora, como sempre, já lhes deu vários alertas que ele não levou na devida consideração, pois o dinheiro está entrando que é uma beleza...

E nessa situação o aparelho já está “cego e surdo” a qualquer advertência e o seu caboclo ou o seu preto-velho, que, para ele, já são incomodativos, visto temer que se manifestem mesmo de fato nele e levantem toda essa sujeira, desmoralizando-o (como tem acontecido), se afastam e deixam-no envolvido com o baixo-astral, com quem já esta conluiado... pois ele, o médium, tem o sagrado direito de usar o seu livre-arbítrio como bem queira... já o dissemos.

Porém, chega dia em que esse infeliz aparelho necessita de uma firme proteção para um caso duro e apela para a presença do verdadeiro guia e NADA... Abalado, dentro de um tremendo choque, aterrado mesmo, ele verifica que os fluidos são de exu e de outros, bastante esquisitos e que lhe causam mal-estar e que não tinha percebido antes, claramente.

Alguns ainda param, fazem preceitos, para o anjo da guarda, enfim, pintam o sete, para ver se o protetor volta... porém, NADA...

Então, comumente se deixam enterrar mais ainda nesses aspectos, porque afinal de contas o dinheiro é coisa boa e traz muito consolo por outros lados.

Todavia, apesar da fartura do dinheiro fácil reconhecem depois de certo tempo que é um dinheiro maldito... passam a viver com a consciência pesada, irritados e sempre angustiados. O fim de todos eles tem sido muito triste... ou surgem doenças insidiosas, ou os vícios para martirizá-los por toda a vida ou acabam seus dias na miséria material, pois a moral já é uma cruz que ele carrega desde o princípio de seu fracasso mediúnico...

W. W. da Matta e Silva (Mestre Yapacani)
[originalmente publicada no livro "Umbanda do Brasil" - Livraria Freitas Bastos].

(CONTINUA...)

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