domingo, 24 de março de 2013

Necessito de quê mesmo???

“Como podemos entender a atitude de certas pessoas que (...) atribuem a espíritos ou feitiços todo o mal-estar que as acomete?”

(...) são pessoas mais místicas, que tendem a buscar a culpa pelo que sentem em um evento externo – seja em uma inteligência ou um desencarnado, seja em um ato de magia que alguém faz contra ela – em vez de assumir a responsabilidade tanto por seus atos quanto por suas derrotas, seus problemas e dificuldades.

(...) trata-se de indivíduos com vasta problemática emocional e psíquica que reclamam mais os cuidados de um bom psicólogo ou psiquiatra, capaz de induzi-los a reflexão sobre a gênese e a solução de suas dificuldades, e não de um médium ou espírito para pretensamente resolver suas queixas.
 Trechos do livro "Magos Negros"
Robson Pinheiro – pelo espírito de Pai João de Aruanda

Não raro nos defrontamos com irmãos que se postam diante das entidades astralizadas, com queixas de toda sorte, sejam relacionamentos amorosos desfeitos, perseguições no trabalho, desemprego, desarmonia no lar, excesso de dívidas, familiares usuários de álcool ou entorpecentes, desavença com vizinhos e vários outros males que assolam a sociedade contemporânea.

Afirmam categoricamente, estarem subjugados pelos trabalhos de magia negra, feitiçaria ou em processo obsessivo.

Reflitamos sobre esses problemas, com o objetivo de aprendermos a distinguir se decorrem de feitiço impetrado por seres encarnados ou desencarnados que nos desejam prejudicar, ou se na realidade não somos nós os reais algozes de nossas próprias amarguras.

Os relacionamentos, na maioria das vezes, acabam por motivos diversos, mas principalmente porque um ou ambos parceiros, já não se sentem felizes em companhia do outro, não compartilham mais os mesmos propósitos, já não se enamoram mais, e percebem o quão doloroso será manter a convivência com aquele outro ser. Aí vem o momento da culpa. Por que não deu certo? Meu amor não é mais correspondido? Não sou mais feliz com ele(a). E antes de procurar uma terapia de casais, uma conversa sincera ou a conciliação, logo atribuímos a causa de nosso infortúnio aos invejosos, ex-amantes, e aos espíritos feiticeiros, eximindo-nos de responsabilidade por nossas ações de temperamentos conflitantes, de atitudes de intolerância e da falta de respeito ao espaço daqueles com quem compartilhamos nossa vida.

Quando o assunto é a situação profissional ou material, não conseguimos enxergar que outros colegas se destacam em suas tarefas, pela dedicação e pelo esforço, sendo assim preferidos pelas chefias para as promoções ou premiações. Se eu não demonstro competência e compromisso com a empresa, certamente não serei reconhecido e não será possível efetivar uma carreira sólida e meritosa. E a culpa continua sendo daquele colega que fez uma macumba para impedir meu sucesso. Mais uma vez atribuímos a terceiros nossas derrocadas pessoais, enquanto uma consulta com psicanalista no auxiliaria a vislumbrar nossos sentimentos de egoísmo, ciúme e de sensação de posse sobre outras criaturas.

Nos dirigimos aos gentis guias que nos destinam seu precioso tempo para suplicar a abertura de nossos caminhos, para conseguirmos o emprego que nos falta, porém negamos as diversas oportunidades que surgem por não satisfazerem nosso desejo de ganho fácil e de enriquecimento rápido. Tão pouco queremos aqueles patrões que nos cobram produtividade e empenho. Novamente nos torna necessário o auxílio de profissionais que nos ajudem a compreender a vaidade que nos inviabiliza o progresso.

É o mesmo que acontece quando detectamos os impedimentos para honrar os compromissos financeiros assumidos, para nos exibirmos dentro da moda, demonstrando um poder aquisitivo de que não somos portadores, e que para manter as aparências, contraímos dívidas que ultrapassam nossa capacidade de pagamentos, o que exacerba o nosso orgulho e nos proporciona uma falsa sensação de poder. É a contínua manifestação de nosso ego, superando a nossa razão e o comedimento dos gastos fúteis e desnecessários. As nossas obrigações são intransferíveis. Precisamos conter nossos impulsos consumistas e do auxílio de um consultor financeiro. Se não der certo temos aquela receita do escorpião no bolso, para toda vez que enfiarmos nossas mãos nele, avaliarmos se o gasto é devido e imprescindível a nossa subsistência.

E ao adentrarmos nos problemas de uso de substâncias tóxicas e do abuso do álcool, atribuímos nosso fracasso moral ao convívio com pessoas de má índole, aos conflitos familiares, e a influência de espíritos que acusamos de nos impelirem a tais desvios. Nos esquecemos do prazer que nos proporcionam as “baladas”, onde também desfrutamos do sexo abusivo e da perda de vitalidade ocasionada pela privação do sono, da falta de repouso e descanso tão necessários ao nosso cérebro e ao nosso corpo, essa morada que o Pai Criador nos emprestou e que Lhe devolvemos em estado de degradação irreparável, quando na ocasião de nosso desenlace. Interessa-nos mais aproveitarmos a chance de vivenciar nossa humanidade, nossas falhas de caráter e os impropérios de experiências a que damos conotação especial para aproveitarmos, erroneamente, nossa juventude. E nos eximimos de culpa ao anunciarmos que cuidaremos de tudo quando estivermos velhos ou então pedimos socorro ao Centro Espírita ou de Umbanda para descarregar as impurezas energéticas absorvidas nestes ambientes. Saímos de lá leves e recarregados para novas investidas nesse mundo de perniciosidade e luxúria.

Tais ponderações nos favorecem melhor compreensão do papel das entidades que amorosamente deixam os planos superiores para se dirigirem até nós, e que com paciência nos escutam nesses pífios assuntos, destinando-nos seu precioso tempo,enquanto poderiam estar em tarefa de auxílio aos irmãos mais necessitados do que nós, carentes de cura para suas doenças, cada vez mais degenerativas, de orientação para seus males espirituais e consolo para suas dores morais. Poderiam destinar seus esforços pela paz no planeta, pela manutenção da vida e pela diminuição dos impactos da miséria humana.

Sejamos pois seletivos em nossas atitudes e nos utilizemos de forma mais conveniente das bênçãos que esses nobres espíritos derramam sobre nós. Tenhamos consciência de que as mudanças devem ser realizadas por cada um e não por outras pessoas, encarnadas ou desencarnadas. Não serão velas, oferendas, passes que hão de regenerar nossos espíritos sem que realizemos nossa parte na obra de Deus. A reforma íntima é o único caminho que nos conduzirá a uma vida equilibrada do ponto de vista físico, material, moral e espiritual, e que há de nos fazer avaliar do que necessitamos realmente.

Paz, luz, amor e humildade sempre!
Mãe Andréa

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